segunda-feira, 16 de fevereiro de 2015

Porto Alegre / RS: Primeira noite de desfiles do carnaval empolga o público em Porto Alegre

Festa começou por volta das 23h30 com o Estado Maior da Restinga.

Gravataí, Vila do IAPI, Copacabana e Bambas se apresentam no Porto Seco.

Estado Maior da Restinga foi a primeira escola a se apresentar no Porto Seco (Foto: Ivo Gonçalves)
A maior festa de carnaval do Rio Grande do Sul teve início na noite desta sexta-feira (13) e invadiu a madrugada de sábado (14) no Complexo Cultural Porto Seco, em Porto Alegre. Diante das arquibancadas lotadas por um público empolgado, a primeira noite de desfiles das escolas de samba do Grupo Especial da capital gaúcha começou por volta das 23h30.

A primeira escola a desfilar foi o Estado Maior da Restinga. Em seguida, passaram pelo sambódromo Acadêmicos do Gravataí, União da Vila do IAPI e Copacabana. Uma das mais esperadas pelo público, a Bambas da Orgia encerraria a primeira noite.


Bambas da Orgia e a Bahia
bambas da orgia (Foto: Joel Vargas/PMPA)
A escola Bambas da Orgia encerrou a primeira noite de desfiles no Porto Seco (Foto: Joel Vargas/PMPA)

Uma das favoritas ao título, a Bambas da Orgia entrou no sambódromo às 4h30 apresentando o enredo “Bahia, terra de bambas”, uma homenagem a religiosidade, a musicalidade, o turismo e as festas baianas. O samba dos compositores Alex Bagé, Gustavinho Oliveira, Fadico, Victor Alves, Diego Nicolau, Danilo Garcia, Léo do Paysa foi puxado por Fábio Ananias. Guilherme Xavier é o carnavalesco.

Bambas da Orgia (Foto: Maia Rubim/PMPA)
Bambas da Orgia

No carro abre-alas, a água, símbolo da agremiação, batia as asas e o sincretismo religioso era representado por alusões ao catolicismo e a crenças afro-brasileiras.
Além de apresentar os costumes baianos, a escola abordou também entidades ambientais como o Baleia Jubarte e o Tamar, projeto de defesa a tartarugas marinhas. O tropicalismo e a obra de Jorge Amado também se fizeram presentes.
A Bambas da Orgia contou com cerca de 1,5 mil integrantes, quatro carros alegóricos e 20 alas.
Copacabana e Belém
Carro abre-alas da Copacabana com a sereia, símbolo da escola (Foto: Luciano Lanes, divulgação / PMPA)
Carro abre-alas da Copacabana com a sereia, símbolo da escola (Foto: Luciano Lanes, divulgação / PMPA)

A Copacabana fez sua estreia no Grupo Especial às 3h15 com o enredo "No ritmo do Carimbó, Copacabana apresenta Santa Maria do Belém do Grão Pará", uma homenagem à capital paraense. O samba de Victor Nascimento, Edson Viera, Roberto Nascimento e Andy Lee foi interpretado por Xandi Corrêa, e Byra Borba, Márcio Vieira e Latinha são os carnavalescos.
Comunidade do bairro Bom Jesus prestigiou a Copacabana  (Foto: Luciano Lanes, divulgação / PMPA)
Comunidade do Bom Jesus prestigiou a escola
As dificuldades da escola com fantasias e alegorias contrastavam com a empolgação dos componentes na pista. O carro abre-alas mostrou a sereia, símbolo da Copacabana, com a Catedral da Sé, ponto turístico da cidade, ao fundo. As fantasias representavam a cultura paraense, com roupas e chapéus típicos do Norte do país e vestidos. Aderson e Dayane, mestre-sala e porta-bandeiras, vestiam vermelho. Em seguida, o segundo dos quatro carros da agremiação – o número mínimo para o desfile – representava o Mercado Ver-o-Peso, outro local de grande visitação na capital do Pará.
O terceiro carro alegórico da escola do bairro Bom Jesus, de Porto Alegre, aludia à procissão do Círio de Nazaré, atração paraense. A curiosidade ficou por conta das crianças fantasiadas como "anjinhos", e o ponto fraco foi o posicionamento mais à esquerda da faixa, deixando um buraco no lado direito. Outra falha foi o número de baianas, de 24, seis a menos que o previsto no regulamento. A bateria ostentava a cruz de malta e as cores de Portugal, e o último carro aludiu, também, aos navegadores lusos.
União da Vila do IAPI e os jovens
Desfile da União da Vila do IAPI representou a juventude no samba-enredo (Foto: Ivo Gonçalves, divulgação/PMPA)
Desfile da União da Vila do IAPI representou a juventude no samba-enredo (Foto: Ivo Gonçalves, divulgação/PMPA)

A atual vice-campeã União da Vila do IAPI entrou no Porto Seco pouco depois das 2h com o enredo "Revolução, Coragem e Liberdade! Um mundo em Preto e Branco, Ela Coloriu. A Vila Apresenta: A Juventude do Brasil!", com o objetivo de retratar os momentos em que jovens provocaram mudanças no país. O carnavalesco é Sérgio Guerra. O samba de Rafael Tubino, Gustavinho Oliveira, Thiago Meiners, Victor Alves e Léo do Paysa foi puxado por Tinga e Wilsinho Astral.
O desfile foi aberto com o carro alegórico que leva na frente a locomotiva, símbolo da agremiação, logo atrás da comissão de frente representando a rebeldia de jovens. A bateria vestiu uma colorida fantasia de hippies. Um dos destaques foi a interação entre o terceiro carro alegórico e uma das alas. Foliões desciam do carro fantasiados como policiais e soldados, para sambar ao lado da ala que simbolizava a UNE, representando o congresso da entidade estudantil em Ibiuna (SP) em 1968, que terminou com todos os integrantes presos pela ditadura militar.
Um carro alegórico representava festivais de música com destaque para Simone Schuster, que se apresentou no programa "The Voice Brasil" da TV Globo. Em outro carro, mais uma inovação: um grafiteiro pintava ao vivo a palavra "amor", enquanto um skatista fazia manobras.
Os pontos fracos da escola foram a quebra de um dos carros, que ficou cerca de 5 minutos parado na pista, mas chegou ao final do desfile, e as dificuldades com o tempo. Ao final, todos os componentes chegaram no prazo, apesar de ter passado alguns segundos do total de 1h05 previstos.
Acadêmicos do Gravataí, a natureza e os cinco sentidos
Escola de Samba Acadêmicos da Gravataí representou a natureza e a transformação do mundo (Foto: Ivo Gonçalves, divulgação/PMPA)
Escola de Samba Acadêmicos da Gravataí representou a natureza e a transformação do mundo
Os Acadêmicos do Gravataí entraram no Porto Seco à 0h45 com o enredo "Eis que tudo transformei! Gravataí, transforma o mundo, através dos cinco sentidos", que aborda a natureza e a transformação do mundo pelos cinco sentidos. O samba-enredo de Arilson Trindade, Alex Bagé, Acioli, Shazam, Chocolate, JR.Silva, Léo Doido e Igor Vianna foi entoado por Lú Astral e Luciano Eduardo Silva Pereira.
Fantasia ousada da Acadêmicos do Gravataí (Foto: Joel Vargas, divulgação/PMPA)
Fantasia ousada da Acadêmicos do Gravataí
O verde que representa a natureza apareceu constantemente nas fantasias e carros alegóricos. O colorido ficou por conta do lilás nas fantasias do mestre-sala Choco e da porta-bandeiras Andriesa, e na representação dos quatro elementos: fogo, água, terra e ar. Em meio ao desfile, a bateria fez uma "paradinha", deixando o intérprete cantar com o público, e retomou o ritmo sem falhas.
Os carros alegóricos representaram não só a natureza, mas também os sentidos. O primeiro alude à vegetação. Outro era denominado "Bem Vindo ao Banquete", representando o paladar. Logo atrás o carro "Harmonia e Equilíbro" mostrava o homem inserido no meio ambiente. O último carro, "Visão da Grande Festa", levava a onça preta, símbolo da escola. Faltando menos de quatro minutos para o final, uma coreografia da bateria empolgou o público. O desfile terminou alguns segundos antes do final do tempo.
Estado Maior da Restinga e as belezas de Torres
Carro da Restinga representa os colonos que ajudaram a fundar Torres (Foto: Luciano Lanes, divulgação / PMPA)
Carro alegórico com o cisne, símbolo da Restinga (Foto: Luciano Lanes, divulgação / PMPA)
O Estado Maior da Restinga entrou no Porto Seco trazendo o samba-enredo "Com o cisne se banhando no rio Mampituba, a Tinga embarca no balão para contar as histórias, cultura, mitos e lendas de Torres. A mais bela do litoral gaúcho", que retrata as belezas da cidade do Litoral Norte gaúcho. Renan Ludwig entoou o samba que compôs junto com Xandi Tche, Leandro Godinho, Anderson Godinho e Walmer. O carnavalesco é Edson Santos de Souza, o "Dico".
Desfile da Tinga empolgou foliões em Porto Alegre (Foto: Joel Vargas, divulgação/PMPA)
Desfile da Tinga empolgou foliões em Porto
O início do desfile levantou a torcida da Tinga, que compareceu em bom número ao Porto Seco. Os carros alegóricos e as fantasias aludiram à história de Torres, tanto pelas belezas naturais quanto pelos colonos e nativos que fazem parte do folclore do município. Caren Ricardo, que já foi a rainha do carnaval de Porto Alegre, foi a madrinha da bateria.
Um dos principais momentos foi a aparição do carro em que uma índia chorava, formando a Lagoa do Violão. Era uma alusão à lenda sobre a lagoa que teria sido formada pelas lágrimas de uma nativa, após a morte de um forasteiro que carregava consigo um violão, por quem havia se apaixonado. A ala das baianas representou o Rio Mampituba, que fica na divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina. O último carro, que representa o Festival de Balonismo de Torres, chegou a enfrentar dificuldades, mas entrou na avenida normalmente.

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