Santa Maria tem vantagem na briga por montadora de caminhões

À tarde, chineses e o prefeito Cezar Schirmer sobrevoaram a cidade

Santa Maria está bem viva na disputa pela sede da montadora chinesa de caminhões Dongfeng Motor, que confirmou investimento de R$ 75 milhões no Brasil e 550 empregos, com fabricação de 5 mil caminhões no primeiro ano. Apesar do tom de cautela da prefeitura e do governo do Estado, durante a visita de diretores do grupo chinês à cidade, ontem, foram ressaltadas vantagens de Santa Maria. A cidade larga na frente em relação à sua adversária, Camaquã, tendo como principal fator positivo a proximidade com o Mercosul, ligação ferroviária com o porto de Rio Grande e infraestrutura superior à da concorrente, segundo entidades ouvidas pelo Diário (veja na página 9). Porém, Camaquã, que teria sido apontada como candidata por ter ligação com o vice-governador, Beto Grill (PSB), teria algumas vantagens (veja quadro). Já Santa Maria tem vínculo com o governador Tarso Genro (PT).

Os executivos chineses buscam uma área de 100 hectares para a montadora. O prefeito Cezar Schirmer (PMDB) ofereceu um terreno no Distrito Industrial (DI), que foi visitado pelos chineses ontem pela manhã, após uma reunião a portas fechadas com autoridades locais na SUCV. Conforme o gerente geral da Dongfeng, Bailin Xiang, o local atende à maioria dos requisitos da empresa.

– Existe fácil acesso à água e energia elétrica, e ainda para os modais de transporte – afirmou Xiang.

Segundo ele, a intenção é trazer as peças dos veículos da China em navios até o porto de Rio Grande. Caso o investimento seja confirmado para Santa Maria, essas peças poderiam ser trazidas de trem até a área no DI, que fica perto da linha férrea.

A sede campestre do Clube Dores foi apresentada porque os chineses salientaram a necessidade de a cidade escolhida ter áreas de lazer para diretores e funcionários. Nesse ponto, por ter também shoppings e rede hoteleira, Santa Maria leva vantagem sobre Camaquã. À tarde, antes de ir embora, os chineses fizeram um voo sobre a cidade e conheceram a UFSM para saber os potenciais na formação de mão de obra e em tecnologia.

– Tivemos uma boa acolhida – diz Xiang, que agora deverá analisar dados técnicos a respeito da cidade.

Ao ser perguntado se haveria outras cidades na disputa, além de Santa Maria e Camaquã, Xiang desconversou.

Conforme Lúcio Guazelli, diretor da empresa GBL Asia Business, que intermedia as negociações, Santa Maria oferece toda a infraestrutura que a Dongfeng necessita.

– A cidade está muito bem em vários aspectos. A proximidade com o porto de Rio Grande, uma área licenciada ambientalmente no DI contemplada por linha férrea são ingredientes que fazem a diferença – diz Guazelli, salientando que a intenção é atuar a partir do porto para atender mercados da América Latina e África.

O prefeito Cezar Schirmer fala com cautela sobre a negociação:

– Fizemos nossa parte. Apresentamos a cidade e mostramos quais são os benefícios. Resta a nós esperar.

DIOGO BRONDANI MARCELO MARTINS