quarta-feira, 6 de março de 2013

USA: Cardeais dos EUA aderem a 'apagão da mídia' durante o pré-conclave


06/03/2013 16h17 - Atualizado em 06/03/2013 16h17

Vaticano estaria preocupado com divulgação de detalhes, disse porta-voz.

Entrevista coletiva programada para esta quarta-feira foi cancelada.

Do G1, com Associated Press
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Os cardeais dos Estados Unidos presentes no Vaticano para o conclave que vai eleger o sucessor de Bento XVI cancelaram nesta quarta-feira (6) uma coletiva de imprensa após a imprensa italiana ter publicado informações supostamente sigilosas que já fazem parte dos procedimentos secretos da eleição papal.

A porta-voz dos cardeais dos EUA, irmã Mary Ann Walsh, informou que a coletiva foi cancelada depois que outros cardeais expressaram uma preocupação sobre possíveis vazamentos de processos sigilosos.
Em entrevista à agência “Associated Press”, a religiosa norte-americana disse que o jornal italiano “La Stampa” detalhou em suas edições de segunda-feira e terça-feira comentários de cardeais feitos nas reuniões feitas "a portas fechadas". Isso teria levado à decisão pelo “apagão da mídia”.
O Vaticano negou que tenha exercido qualquer pressão sobre os cardeais americanos. De acordo com o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, o Colégio de Cardeais decidiu manter reservados os assuntos das congregações.
Os cardeais americanos Donald Wuerl (à esq.) e Francis George dão entrevista nesta segunda-feira (4) em Roma (Foto: Juliana Cardilli/G1)Os cardeais americanos Donald Wuerl (à esq.) e Francis George durante entrevista realizada nesta segunda-feira (4) em Roma (Foto: Juliana Cardilli/G1)
À Associated Press, a irmã Mary Ann Walsh descartou a especulação de que o Vaticano e outros cardeais não estariam apreciando a abertura dos religiosos americanos. “Eu não acho que havia alguém irritado com os americanos. Eles estavam irritados com o jornal ‘La Stampa’”, explicou a porta-voz. A religiosa dos EUA disse também que os cardeais americanos tinham a garantia de que o Vaticano estava satisfeito com seus briefings à imprensa.
No entanto, de acordo com a AP, o padre Federico Lombardi teria apresentado uma opinião contrária. Em e-mail enviado à agência, Lombardi disse ser contrário às entrevistas coletivas de cardeais, devido ao risco de vazamento de dados sigilosos do processo de sucessão papal.
A imprensa italiana especula que cardeais presentes no Vaticanos, além dos italianos, estavam descontentes com a tentativa dos EUA em atrasar o início do conclave.
Em coletiva feita na última terça-feira, os cardeais Daniel DiNardo, do Texas, e Sean O’Malley, de Boston, disseram que são favoráveis a um tempo maior de discussão no pré-conclave, para reunir informações sobre os problemas da burocracia do Vaticano e discernir qual seria o melhor candidato para ser Papa. Já nesta quarta-feira, os jornais italianos informaram que cardeais baseados no Vaticano querem que a eleição ocorra rapidamente.
Cardeais eleitores presentes no Vaticano participaram de momento de oração nesta quarta-feira, na Basílica de São Pedro (Foto: Reprodução/Centro Televisivo Vaticano)Cardeais eleitores presentes no Vaticano participaram de momento de oração nesta quarta-feira, na Basílica de São Pedro (Foto: Reprodução/Centro Televisivo Vaticano)
Expectativa para a data do conclave
Todos os 115 cardeais com direito a voto e que confirmaram presença no conclave que escolherá o sucessor de Bento XVI devem estar no Vaticano até esta quinta-feira (7), informou o Vaticano em entrevista coletiva na manhã desta quarta (6).

A data do conclave ainda não foi definida. Nos próximos dias, as congregações voltarão a ocorrer pela manhã e à tarde, como ocorreu na segunda-feira (4). Devido ao elevado número de intervenções durante as reuniões, o tempo de fala de cada cardeal foi estabelecido em cinco minutos, mas de uma maneira flexível, afirmou o porta-voz do Vaticano, acrescentando que o áudio do microfone dos cardeais não será cortado passados os cinco minutos.
Sobre a demora para a escolha da data do conclave (reunião secreta que elegerá novo pontífice), o porta-voz do Vaticano disse que as reuniões devem ser encaradas como um processo. De acordo com ele, percebe-se uma vontade por parte dos cardeais de refletir e se preparar para o conclave.
Antes da 4ª reunião de cardeais, o brasileiro Dom Raymundo Damasceno, arcebispo de Aparecida, admitiu a dificuldade para a definição do calendário. "Essa data está difícil de sair", disse ele ao dirigir-se para mais um encontro. "Espero que comece no dia 11. Estou com saudades de Aparecida", afirmou.

Lista
Uma jornalista da CNN questionou o porta-voz sobre uma lista chamada de “Dirty Dozen” (Dúzia Suja), divulgada por um grupo de vítimas de abuso sexuais de padres (SNAP, na sigla em inglês). O documento indica os piores candidatos a Papa, da perspectiva dos escândalos sexuais, entre os cardeais da Igreja Católica.
Sobre o assunto, Federico Lombardi afirmou que não compete ao grupo definir quem deve ou não participar da escolha do próximo pontífice. “Nós acreditamos que não compete ao SNAP decidir quem vem ao conclave e quem é escolhido. Nenhum grupo pode fazer juízo sobre a escolha do pontífice. Os cardeais vão decidir por si próprios sem pedir conselhos”, afirmou. Ele acrescentou ainda que o Vaticano não tem uma resposta oficial sobre a lista.

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