quarta-feira, 30 de março de 2016

JOL (Santa Maria / RS): Voto da relatora do julgamento em segunda instância reduz penas de 23 réus do caso Rodin

Conclusão da sentença foi adiada para 14 de junho

Voto da relatora do julgamento em segunda instância reduz penas de 23 réus do caso Rodin Sylvio Sirangelo/TRF4
Foto: Sylvio Sirangelo / TRF4
Juliana Gelatti e Marcelo Martins
Não foi conhecida nesta terça-feira a esperada sentença sobre a ação penal do Caso Rodin no Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF4), na Capital. A sessão acabou sendo suspensa e o julgamento do caso Rodin voltará à pauta do tribunal no dia 14 de junho.
Na sessão que durou cerca de 1h30min, apenas foi conhecido o voto da desembargadora-relatora Claudia Cristina Cristofani. A magistrada votou pela redução da pena de 23 dos 29 réus condenados em primeira instância, e pela extinção da punição de outros seis, em  função da prescrição do crime de associação criminosa e da absolvição de outros crimes, como falsidade ideológica, corrupção ativa e passiva e dispensa indevida de licitação.
O parecer final do julgamento das apelações foi prorrogado porque um dos três desembargadores que analisam o caso, Sebastião Ogê Muniz, pediu vista do processo para fazer uma análise mais profunda. 
Além dele, o colega Marco Antônio Rocha também terá de se manifestar e pode mudar o cenário da sentença em segunda instância. Em função da agenda deles, que inclui férias e outros compromissos, a próxima sessão ficou marcada para o dia 14 de junho. Ainda há a possibilidade de Marco Antônio Rocha pedir vista e a sentença ser adiada novamente.
No último dia 15, os advogados e o Ministério Público Federal (MPF) tiveram a chance de fazer sustentações orais, o que não ocorreu na sessão desta terça, que foi pública, podendo ser acompanhada pela reportagem.
Após levantar o sigilo da ação, Claudia Cristina fez um breve apanhado do caso, dos núcleos existentes e, na sequência, proferiu o seu voto. Alguns réus tiveram penas extintas, como Lair Ferst (leia mais abaixo), apontado como um dos mentores dos esquema.
Advogados cautelosos
A sessão desta terça, por não ter tido um desfecho, foi vista com cautela por parte dos advogados, tanto por aqueles que acompanharam o voto na Capital quanto por quem estava em Santa Maria, por videoconferência.
Entre todos paira um mesmo sentimento: a possibilidade de que algum dos seus clientes, que venham a ser condenados em segunda instância, tenham de cumprir pena de prisão, mesmo que decida recorrer a tribunais superiores.
O juiz federal Loraci Flores de Lima, que condenou em 2014 os 29 réus na ação criminal, disse que não poderia se manifestar sobre os desdobramentos do processo, já que o julgamento ainda não foi concluído.
Réu em Santa Maria
Em Santa Maria, oito advogados e o réu Silvestre Selhorst acompanharam a audiência por videoconferência, em uma sala do prédio da Justiça Federal. Por volta das 14h, o grupo já estava reunido na sala de videoconferência, onde por meio de um televisor, acompanharam a leitura do voto da desembargadora-relatora.
Após o intervalo, eles ficaram sabendo da suspensão do julgamento que, por motivos de férias dos magistrados, só terá seguimento em 14 de junho. Bruno Seligman de Menezes, que representa a família Fernandes, achou positiva a suspensão:
– O tempo é sempre positivo. Indica que os desembargadores estão analisando com cuidado, que não terá atropelos. A complexidade do caso justifica esse tipo de adiamento – comentou.
Benefício da delação e de recursos escritos
Durante a leitura do voto da desembargadora-relatora, uma situação chamou a atenção. Foi referente ao empresário Lair Ferst, que havia sido apontado pelo MPF como o “mentor do esquema criminoso”, já que ele, segundo a força-tarefa, teria sido o gestor da ideia de a Fatec oferecer, via contratação com o Detran, os serviços relativos aos exames práticos e teóricos para a Carteira Nacional de Habilitação no Estado.
Ferst, que tem um núcleo que leva o sobrenome da sua família e que chegou a ser coordenador da bancada do PSDB na Assembleia Legislativa na gestão de Yeda Crusius, teve pena fixada em 25 anos e dois meses pela Justiça Federal de Santa Maria.
Contudo, no voto da desembargadora, essa pena foi zerada. A situação, ainda que não tenha caráter definitivo, fez com que o advogado dele, Lucio Santoro de Constantino, analisasse como acertada a decisão do seu cliente: fazer acordo de delação premiada, a exemplo do que já ocorre na Lava-Jato.
– A estratégia foi bem acertada. É uma reviravolta importante. Mas isso não foi nada fácil. Ele sofreu ameaças, foi intimidado e teve de andar em um carro blindado – diz Constantino.
Em seu voto, a desembargadora assegura que Ferst apresentou dossiês importantes. A delação do empresário ocorreu quando o processo ainda estava na Justiça de Santa Maria.
Até que o julgamento seja concluído, o que deve ocorrer em junho, os advogados, principalmente daqueles condenados com penas mais altas, já têm esboçadas suas contrarrazões, que irão embasar os recursos. É possível recorrer por meio dos  chamados embargos declaratórios (quando há omissão ou contradição no acórdão, que é a decisão final) ou infringentes (quando a decisão ocorre por maioria).
O “Diário” conversou com os advogados que estavam na sessão, em Porto Alegre, mas eles definiram como “prematuro” fazer qualquer projeção a partir do que se teve ontem no voto da desembargadora.
Confira no link abaixo o quadro com um resumo do voto da desembargadora-relatora, Claudia Cristina Cristofani, sobre a situação de cada um dos réus e também qual havia sido a sentença no julgamento da primeira instância.

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