sexta-feira, 29 de abril de 2016

C.A.P's (Cursos Abertos Profissionalizantes): LOGÍSTICA: 7.4 - TRANSPORTE



INTRODUÇÃO:

A atividade transporte é tão presente em nosso dia-a-dia que não percebemos muitas vezes a sua grande importância e o impacto que tem em nossas vidas.

Mover os produtos de onde são produzidos até o ponto onde serão consumidos com um mínimo de dificuldade em termos de prazo, custos e integridade física, é a missão do transporte.

A posição única que o transporte ocupa na atividade econômica advém da redução que faz em relação ao tempo e ao espaço para a produção de
produtos.


TIPOS DE TRANSPORTE:


Os sistemas de transportes representam elementos de extrema importância na definição do preço final das mercadorias, principalmente se levarmos em consideração que a magnitude de tal preço irá proporcionar uma maior ou uma menor quantidade consumida destas mercadorias.

UTILIDADE DE TEMPO E DE LUGAR

A movimentação através do espaço ou distância cria utilidade de valor ou lugar.

O sistema logístico de distribuição inclui três tipos de transporte de produtos:

transferência se entrega direta e distribuição. Veja a figura 7.4.

A transferência corresponde ao deslocamento de produtos da fábrica até um armazém intermediário ou centro de distribuição (cd). Neste caso, utilizam-se caminhões maiores de custo unitário mais baixo.

A entrega direta corresponde à entrega diretamente da fábrica para o cliente.

Este tipo de transporte é vantajoso quando se tratar de um grande cliente comprador, em que os volumes de entregas são relevantes, justificando-se o carregamento otimizado em grandes veículos, ou quando à distância da fábrica até o destino for relativamente curta.

A distribuição de produtos corresponde ao transporte de um determinado ponto da cadeia logística (armazém ou CD) até os clientes destinatários, podendo ser também um único cliente por viagem. Nos casos de entregas para um número grande de clientes, faz-se uma roteirizarão para atender com precisão aos clientes programados.

MODALIDADES DE TRANSPORTE

Rodoviário

O transporte rodoviário é mais flexível e versátil do que as outras modalidades de transporte. Esta flexibilidade é decorrente de uma rede de estradas que permite o transporte ponto-a-ponto. A versatilidade do transporte rodoviário está na capacidade de transportar produtos com peso e tamanhos variados em qualquer distância.

Os transportadores rodoviários geralmente proporcionam um serviço muito mais rápido do que as ferrovias e uma comparação favorável em relação ao transporte aéreo, no caso de fretes de curta distância.

No Brasil, o frete rodoviário representa aproximadamente 62% do volume transportado. Apesar de grande concentrador do volume de cargas transportadas, o sistema rodoviário sofre com a escassez de recursos para a manutenção das vias já construídas, o que colabora para a diminuição progressiva da capacidade viária.

O estado de conservação deficiente provoca acidentes, avarias nas mercadorias e perdas de carga.

Abaixo são apresentados alguns fatos do transporte rodoviário brasileiro:

• O sistema rodoviário necessita de cerca de 5 bilhões de dólares para recuperação imediata.

• Extensão total das rodovias pavimentadas: 150.000km.

• Extensão total das rodovias federais pavimentadas: 53.000km.

• Número de veículos para transporte de carga: 1.700.000.

O transporte rodoviário é uma parte vital da rede logística de muitas empresas, pois suas características são mais compatíveis do que outros meios de transporte com as necessidades de serviços do cliente.

Principais características positivas do transporte rodoviário:

• Entrega porta a porta, sem interferência de outro modal.

• Não há transbordo intermediário das mercadorias.

• Custo relativamente baixo. Está entre o ferroviário e o aéreo.

• Em curtas distâncias (inferior a 300km), o custo do rodoviário é mais competitivo.

• Rapidez.

• Versatilidade.

• Freqüência, entre outras.

Principais pontos negativos:

• Falta de padronização das cargas.

• Consumo energético alto por tonelada transportada.

• Pouca capacidade de carga.

• Altos índices de acidentes e roubos.

• Sujeitos a uma infra-estrutura deficiente. Ferroviário

Em alguns países, como por exemplo, a antiga União Soviética, China Popular, Hungria, Áustria, o modal ferroviário é predominante. As ferrovias transportam para distâncias mais longas, em média 1000km. O fato de estarem limitadas a instalações fixas de trilhos tira a versatilidade e flexibilidade das ferrovias.

O transporte ferroviário custa menos em termos de preço unitário do que o rodoviário e aéreo.

Os trens operam de acordo com horários de partida e chegada. No Brasil, as ferrovias usam vagões umas das outras, e às vezes o equipamento não está disponível onde é necessário. Diversos desenvolvimentos têm ajudado o setor ferroviário a superar suas dificuldades. Entre os avanços incluem-se a programação e elaboração de rotas por computador, melhoria do equipamento, melhoria do leito ferroviário e terminais, vagões de propriedade do embarcador e/ou arrendados por ele, e o uso de trens unitários.

As ferrovias são proprietárias da maior parte de sua frota, sendo o restante de propriedade do embarcador ou arrendado por ele.

No Brasil, a privatização da Rede Ferroviária Federal trouxe um novo alento a esta modalidade, que estava minguando com o passar do tempo.

As principais empresas ferroviárias brasileiras são:

• Companhia Vale do Rio Doce, que engloba a Estrada de Ferro Vitória-Minas e Estrada de Ferro de Carajás (opera nos estados de Minas, ES, Pará e Maranhão).

• Ferrovia Centro Atlântica (opera nos estados do Rio, Minas, ES, Goiás, Bahia, Sergipe).


• MRS Logística (opera em Minas, Rio e São Paulo

• América Latina Logística (operam no Paraná, Sta Catarina, Rio Grande do Sul e Argentina).

• Ferroban – Ferrovia Bandeirantes S.A. (opera em S. Paulo e Minas).

• Cia. Ferroviária do Nordeste (opera no Maranhão, Piauí, Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco e Alagoas).


• Ferrovia Novoeste (opera em S. Paulo, Mato Grosso do Sul e Bolívia).

• Estrada de Ferro Norte Sul (operam em Goiás, Tocantins e Maranhão).

• Ferronorte – Ferrovias Norte Brasil (opera em Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Goiás e Minas).

As bitolas utilizadas nas ferrovias brasileiras são: Bitola métrica – 1,0 metro; Bitola larga – 1,60m.

Abaixo são apresentados alguns fatos do transporte ferroviário brasileiro:

• Responde por 20% do total de cargas transportadas no país

• A extensão total da malha é de 30.000km

• Total de cargas transportadas: 270.000.000t/ano.

Fatores positivos do transporte ferroviário:

• Maior capacidade relativa

• Tarifas mais competitivas

• Menor consumo energético

Fatores negativos:

• Péssima infra-estrutura

• Despadronização de bitolas

• Poucos pátios para transbordo

• Velocidade pequena

• Inviável para pequenas distâncias Aéreo

Um número cada vez maior de embarcadores usa o transporte aéreo. Uma grande parte considera o frete aéreo um serviço especial, para emergência, devido ao seu custo maior.

Os transportadores aéreos geralmente manipulam produtos de alto valor. O frete aéreo não se justifica para produtos de baixo valor, porque o alto preço do frete aéreo representaria muito no custo do produto.

Por exemplo: um componente eletrônico e um livro que têm o mesmo peso, mas preços substancialmente diferentes. Se o custo do frete aéreo fosse igual do ponto A ao ponto B, as taxas de transporte consumiriam uma parte maior do custo do livro e uma parte menor do componente eletrônico. As considerações do serviço ao consumidor podem influenciar a escolha do meio de transporte nessa situação, mas somente se a questão do nível de serviço for mais importante do que a questão do custo.

O transporte aéreo tem um tempo de trânsito menor, mas a demora nos terminais e entrega podem reduzir um pouco esta vantagem. Para o embarcador interessa o tempo total, ao invés do tempo de aeroporto para aeroporto.

O transporte aéreo oferece as seguintes opções para o transporte de carga:

• Avião de passageiro: Essa aeronave possui compartimento de cargas, permitindo o transporte de mercadorias de pequenos volumes.

• Avião Combi: Grandes aeronaves (Boeing 747) são divididas em duas partes, uma para passageiros e outra para carga.

• Avião Cargueiro: 100% do espaço destinado para carga.

Fatores positivos do frete aéreo:

• Confiabilidade

• Tempo de trânsito menor

• Menos sujeito a avarias e roubos

Fatores negativos:

• Custo alto do frete

• Depende de outro modal

• Depende de condições climáticas

• Pequena capacidade de transporte

No Brasil, o transporte aéreo representa menos de 1% do volume de carga transportada.

Hidroviário

O transporte hidroviário pode ser desmembrado em diversas categorias distintas: fluvial (rios), lacustre (lagos), marítimo de cabotagem e marítimo internacional.

O transporte hidroviário é especialmente indicado para movimentação de artigos pesados, volumosos, de baixo valor por unidade e que possam ser descarregados por meios mecânicos.

Os transportadores hidroviários transportam internacionalmente ou dentro do país materiais a granel, tais como minério, grãos, celulose, carvão, calcário, petróleo, etc.

No Brasil, o hidroviário responde por 13% do volume.

Na matriz de transporte brasileira, o transporte fluvial encontra enormes restrições de implementação por parte do governo, principalmente pela pouca experiência do país no uso de vias navegáveis interiores. Por isso, o transporte fluvial responde com menos de 1% no volume total de cargas, apesar da existência de aproximadamente 24.000km de vias navegáveis.

No corredor Centro – Leste, é possível o aproveitamento dos rios S. Francisco, Paranaíba e hidrovia Tietê-Paraná. No Centro-Norte, encontra-se a hidrovia Araguaia-Tocantins.

A cabotagem está tomando um espaço cada vez maior no transporte de carga brasileiro. A Docenave já opera no litoral com seis navios conteineros. Com o aumento do volume de carga nesta modalidade, está havendo uma redução do
frete. E havendo redução do frete, o volume de carga aumenta.

Um fator que também está contribuindo para o incremento da cabotagem é a questão do elevado índice de roubo no rodoviário, fazendo com que haja uma migração deste para aquele modal.

Fatores positivos do hidroviário:

• Maior capacidade relativa

• Tarifas mais competitivas

• Menor consumo energético

• Menor agressividade ao meio ambiente

• Maior segurança contra roubo

Fatores negativos:

• Menor acesso

• Sazonalidade dos rios

• Péssima infra-estrutura

• Baixa velocidade de viagem

• Depende de outro modal Dutoviário

As dutovias transportam um número limitado de produtos, incluindo-se aí o gás natural, petróleo cru, produtos de petróleo, água, produtos químicos, minérios, etc. O gás natural e o petróleo cru são responsáveis pelo maior volume do tráfego dutoviário.

As dutovias podem entregar seus produtos com confiabilidade devido aos seguintes fatores:

Os fluxos de produtos dentro do duto são monitorados e controlados por computador;

Perdas e danos devido a vazamentos ou danos no duto são extremamente raros;

Condições climáticas têm efeitos mínimos sobre os produtos movimentados nos dutos;

As dutovias não exigem muita mão-de-obra.

As vantagens que as dutovias oferecem em relação a outras formas de transporte têm estimulado as empresas a movimentar outros produtos através dos dutos. Certamente, se um produto está, ou pode estar, na forma líquida, gasosa ou pastosa, pode ser transportado por dutos.

O volume de carga transportado por esta via é de aproximadamente 4,5%.

Comparação entre Sistemas Modais Domésticos

A tabela abaixo apresenta uma comparação entre os principais sistemas modais domésticos:



TRANSPORTE INTERMODAL

Intermodalidade

O intermodal caracteriza-se, basicamente, pelo transporte da mercadoria em duas ou mais modalidades, em uma mesma operação, em que cada transportador emite um documento e responde, individualmente, pelo serviço que presta.

A intermodalidade pode reduzir custos de outros modais mais onerosos em locais de entrega da mercadoria que não podem ser atingidos por um único meio de transporte, dependendo da proporcionalidade da distância e de outros fatores representados por cada um deles.

Multimodalidade

A lei no. 9.611/98, de 20.02.98, disciplina a utilização dos serviços de transporte multimodal.

A opção vincula o percurso da carga a um único documento de transporte, designado Documento ou Conhecimento de Transporte Multimodal, independente das diferentes combinações de meios de transporte, como por exemplo, ferroviário e rodoviário.

Além de propiciar melhor aproveitamento dos equipamentos, a multimodalidade resulta na maior eficiência dos serviços de transporte de carga, com menores custos, maior agilidade e confiabilidade na entrega.

Para a operacionalização, a empresa interessada no transporte multimodal entrega a mercadoria ao OTM (Operador de Transporte Multimodal), firmando com este um contrato de Transporte Multimodal. O OTM irá tomar as providências necessárias e fazer com que a mercadoria seja transportada até o destino final, de acordo com o preço, prazo e integridade física pactuados

Até a próxima aula!

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