Estamos agora, nos domínios da imaginação.
Imaginemo-nos agora numa dessas utópicas máquinas do tempo.
Viajaremos nela então, até a... "Idade da Pedra"!
Seremos não mais que simples observadores nessa aventura; pois jamais devemos interferir no curso da história, conforme reza a máxima!
O foco de nossa câmera (Sim, por que estamos apenas observando, lembrem-se disso!) fecha-se com um zoom diretamente sobre uma formação rochosa.
A entrada de uma caverna para ser mais específico.
Psssssiuuuuu... Quietos!
Em frente a essa entrada, passa rapidamente cruzando, uma criatura típica da época e das profundezas dessa caverna; ouvem-se gritos:
BRAVO, LINDO! Tradução simultânea.
Logo após aos gritos, cruza também velozmente, um homo erectus com seu tacape, a caçar a presa que passara anteriormente. Esse será o nosso personagem principal, nosso protagonista, ao qual denominaremos simplesmente de "Lusus".
Novas exclamações são ouvidas das profundezas:
UUUHHH! FEIA! HORRÍVEL!
Lusus ouve, pára a sua desabalada corrida e retorna a entrada da caverna.
Receoso, espreita-a e ouve:
VAMOS LÁ! A PRÓXIMA! Assusta-se ele.
Mas desde aqueles tempos, a curiosidade supera o medo que provêm do desconhecido e nosso amigo, aos poucos coloca a sua cabeça para dentro da entrada da caverna no intuito de ver o que se passa lá dentro.
Aproximamos a câmera à posição de nosso protagonista.
As imagens estão indefinidas ainda, vêem-se vultos na penumbra, longe da entrada da caverna, portanto... Afastados da luz solar.
Com o tacape em punho, esgueirando-se pelas paredes laterais, aproxima-se da origem dos sons o nosso corajoso, porém temeroso amigo.
Qual não é a sua surpresa, que ao fundo da caverna, ele percebe que, após acostumar seus olhos à escuridão do local; viradas de costas para a entrada da caverna e de frente para uma parede polida como um espelho, ele percebe três lindas mulheres sentadas.
Uma velha e anciã senhora, que parecia ser a avó, uma garbosa senhora que parecia ser a mãe e...
Uma linda e angelical jovem mulher!
Ainda com medo, mas já não tanto; o nosso amigo estufa o peito e pergunta:
O que vocês estão fazendo?
Ahhh! Como se existisse outra coisa para fazer! Respondem cheias de razão e argumentos.
Estamos assistindo as "Imagens da Vida"!
Estupefato, Lusus não acredita no que ouve e vê! Após alguns segundos para sua assimilação, ele responde:
Não! Vocês estão erradas! Isso são apenas reflexos...
Que blasfêmia! Respondem elas.
Como ousas desafiar a deusa das imagens?
Como ousas ter coragem de tamanha asneira falar?
Quem é você?
O que fazes?
Acabas de aqui chegar e já queres impor-se? Exaltam-se os ânimos
Quem eu sou não importa, muito menos o que faço!
Mas a vida real está lá fora!
E ela é linda assim como vocês!Venham comigo, eu posso provar...
Foi a gota d'água. Elas não agüentaram mais.
Revoltadas, levantaram-se de onde estavam e correram atrás dele; que saiu em direção e sentido a saída da caverna.
Lusus sai da caverna e em seguida, as suas seguidoras.
Entretanto, as três mulheres não estavam acostumadas com a luz do Sol e rapidamente sentem os dolorosos efeitos da luminosidade em seus olhos:
Aiiii...!!!! Gritam elas ajoelhadas e tapando os olhos.
É a deusa das imagens nos punindo!
Jamais deveríamos ter saído da frente das imagens!
Lusus continua estupefato e indignado. Continua não acreditando no que vê e ouve.
Mas ainda assim, quer ajuda-las:
Não! Não há deusa nenhuma!
Vocês apenas não estão acostumadas com a luz do Sol!
Não! Isso é o nosso castigo por termos acreditado em você!
Acreditem somente mais uma vez em mim! Falou Lusus.
Abram os olhos vagarosamente!
Não!
Insistiam elas aos gritos e lamúrias dos quais... Já estavam cotidianamente acostumadas.
Como tentaram voltar para o interior da caverna, porém não a achavam, pois ainda estavam parcialmente cegadas pela iluminação, não tiveram outra opção com o passar do tempo, de abrir lentamente os olhos no intuito de achar a entrada de seu refúgio.
E lentamente, foram "obrigadas" a ver a vida.
Foi daí então, que dos gritos, passaram a emitir exclamações de admiração:
Nossa! Ele tinha razão!
É verdade!
Existe esperança aqui fora; e ela é linda!
Obrigado Sr. Lusus! Mas ao olharem ao redor, ele já não mais estava ali. Não teve uma 2ª chance, mas se estivesse, com certeza diria:
Caminhem em direção ao Sol!
Bem, avançaremos no tempo.
De volta para o futuro e aos dias atuais!
Dessa vez, foco de nossa câmera fecha-se com um zoom diretamente sobre a porta de um apartamento.
A entrada de um sobrado para ser mais específico.
Psssssiuuuuu... Quietos!
Nossa câmera aproxima-se residência adentro.
Ouvem-se gritos conhecidos.
E qual não é a nossa surpresa que encontramos novamente o nosso destino.
Presente, Passado e Futuro!
Dessa vez vamos interferir:
O que vocês estão fazendo?
Ah! Como se existisse outra coisa para fazer! Respondem cheias de razão e argumentos.
Estou assistindo às Novelas... Aiai, o "Sonho da Vida!" O Passado suspirando responde.
Estou assistindo ao ... "Big Brother Brasil!" Responde o alienado presente.
Estou digitando no Micro Computador... A "Vida virtual!" Responde o "inocente e maquiado" futuro.
Em suma, vale aquele velho bordão:
"... A história é a mesma. O que muda, é o cenário!"
Mas espere um pouco, e que fim levou o nosso personagem principal? Cadê Lusus?
Provavelmente virou um... "Forrest Gump! O contador de estórias!" E deve estar por aí, em algum canto, contando das suas. Ele não teve uma 2ª chance.
Mas algo ele leva na memória e em seu coração:
Ele nunca, jamais foi um professor. Mas ensinou algo de valioso a alguém. E o mais sábio dos homens, ainda assim, algum dia na sua vida, precisou de um professor!
E para mim, vale a máxima hebraica:
"... Quem salva uma vida (Nas suas mais variadas e diversas formas!), salva o mundo!"
Talmud.
PANIS ET CIRCENSES
Caetano Veloso
"... Eu quis cantar,
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas da sala de jantar
São preocupadas em nascer e morrer..."
XYKO BORGES
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