domingo, 17 de abril de 2016

CONTOS E CRÔNICAS: "EM BUSCA DO SOL"



Estamos agora, nos domínios da imaginação.

Imaginemo-nos agora numa dessas utópicas máquinas do tempo.

Viajaremos nela então, até a... "Idade da Pedra"!

Seremos não mais que simples observadores nessa aventura; pois jamais devemos interferir no curso da história, conforme reza a máxima!

O foco de nossa câmera (Sim, por que estamos apenas observando, lembrem-se disso!) fecha-se com um zoom diretamente sobre uma formação rochosa.

A entrada de uma caverna para ser mais específico.

Psssssiuuuuu... Quietos!

Em frente a essa entrada, passa rapidamente cruzando, uma criatura típica da época e das profundezas dessa caverna; ouvem-se gritos:

BRAVO, LINDO! Tradução simultânea.

Logo após aos gritos, cruza também velozmente, um homo erectus com seu tacape, a caçar a presa que passara anteriormente. Esse será o nosso personagem principal, nosso protagonista, ao qual denominaremos simplesmente de "Lusus".
Novas exclamações são ouvidas das profundezas:

UUUHHH! FEIA! HORRÍVEL!

Lusus ouve, pára a sua desabalada corrida e retorna a entrada da caverna.
Receoso, espreita-a e ouve:

VAMOS LÁ! A PRÓXIMA! Assusta-se ele.

Mas desde aqueles tempos, a curiosidade supera o medo que provêm do desconhecido e nosso amigo, aos poucos coloca a sua cabeça para dentro da entrada da caverna no intuito de ver o que se passa lá dentro.

Aproximamos a câmera à posição de nosso protagonista.

As imagens estão indefinidas ainda, vêem-se vultos na penumbra, longe da entrada da caverna, portanto... Afastados da luz solar.

Com o tacape em punho, esgueirando-se pelas paredes laterais, aproxima-se da origem dos sons o nosso corajoso, porém temeroso amigo.

Qual não é a sua surpresa, que ao fundo da caverna, ele percebe que, após acostumar seus olhos à escuridão do local; viradas de costas para a entrada da caverna e de frente para uma parede polida como um espelho, ele percebe três lindas mulheres sentadas.

Uma velha e anciã senhora, que parecia ser a avó, uma garbosa senhora que parecia ser a mãe e... 

Uma linda e angelical jovem mulher!

Ainda com medo, mas já não tanto; o nosso amigo estufa o peito e pergunta:

O que vocês estão fazendo?
Ahhh! Como se existisse outra coisa para fazer! Respondem cheias de razão e argumentos.
Estamos assistindo as "Imagens da Vida"!
Estupefato, Lusus não acredita no que ouve e vê! Após alguns segundos para sua assimilação, ele responde:
Não! Vocês estão erradas! Isso são apenas reflexos...
Que blasfêmia! Respondem elas.
Como ousas desafiar a deusa das imagens?
Como ousas ter coragem de tamanha asneira falar?
Quem é você?
O que fazes?
Acabas de aqui chegar e já queres impor-se? Exaltam-se os ânimos
Quem eu sou não importa, muito menos o que faço!
Mas a vida real está lá fora!
E ela é linda assim como vocês!Venham comigo, eu posso provar...

Foi a gota d'água. Elas não agüentaram mais.

Revoltadas, levantaram-se de onde estavam e correram atrás dele; que saiu em direção e sentido a saída da caverna.

Lusus sai da caverna e em seguida, as suas seguidoras.
Entretanto, as três mulheres não estavam acostumadas com a luz do Sol e rapidamente sentem os dolorosos efeitos da luminosidade em seus olhos:

Aiiii...!!!! Gritam elas ajoelhadas e tapando os olhos.
É a deusa das imagens nos punindo!
Jamais deveríamos ter saído da frente das imagens!

Lusus continua estupefato e indignado. Continua não acreditando no que vê e ouve.

Mas ainda assim, quer ajuda-las:

Não! Não há deusa nenhuma!
Vocês apenas não estão acostumadas com a luz do Sol!
Não! Isso é o nosso castigo por termos acreditado em você!
Acreditem somente mais uma vez em mim! Falou Lusus.
Abram os olhos vagarosamente!
Não!

Insistiam elas aos gritos e lamúrias dos quais... Já estavam cotidianamente acostumadas.

Como tentaram voltar para o interior da caverna, porém não a achavam, pois ainda estavam parcialmente cegadas pela iluminação, não tiveram outra opção com o passar do tempo, de abrir lentamente os olhos no intuito de achar a entrada de seu refúgio.

E lentamente, foram "obrigadas" a ver a vida.

Foi daí então, que dos gritos, passaram a emitir exclamações de admiração:

Nossa! Ele tinha razão!
É verdade!
Existe esperança aqui fora; e ela é linda!
Obrigado Sr. Lusus! Mas ao olharem ao redor, ele já não mais estava ali. Não teve uma 2ª chance, mas se estivesse, com certeza diria:

Caminhem em direção ao Sol!

Bem, avançaremos no tempo.

De volta para o futuro e aos dias atuais!

Dessa vez, foco de nossa câmera fecha-se com um zoom diretamente sobre a porta de um apartamento.

A entrada de um sobrado para ser mais específico.

Psssssiuuuuu... Quietos!

Nossa câmera aproxima-se residência adentro.
Ouvem-se gritos conhecidos.

E qual não é a nossa surpresa que encontramos novamente o nosso destino.

Presente, Passado e Futuro!

Dessa vez vamos interferir:

O que vocês estão fazendo?
Ah! Como se existisse outra coisa para fazer! Respondem cheias de razão e argumentos.
Estou assistindo às Novelas... Aiai, o "Sonho da Vida!" O Passado suspirando responde.
Estou assistindo ao ... "Big Brother Brasil!" Responde o alienado presente.
Estou digitando no Micro Computador... A "Vida virtual!" Responde o "inocente e maquiado" futuro.

Em suma, vale aquele velho bordão:

"... A história é a mesma. O que muda, é o cenário!"

Mas espere um pouco, e que fim levou o nosso personagem principal? Cadê Lusus?

Provavelmente virou um... "Forrest Gump! O contador de estórias!" E deve estar por aí, em algum canto, contando das suas. Ele não teve uma 2ª chance.

Mas algo ele leva na memória e em seu coração:

Ele nunca, jamais foi um professor. Mas ensinou algo de valioso a alguém. E o mais sábio dos homens, ainda assim, algum dia na sua vida, precisou de um professor!

E para mim, vale a máxima hebraica:

"... Quem salva uma vida (Nas suas mais variadas e diversas formas!), salva o mundo!"

Talmud.


PANIS ET CIRCENSES

 Caetano Veloso

 "... Eu quis cantar,
Minha canção iluminada de sol
Soltei os panos sobre os mastros no ar
Soltei os tigres e os leões nos quintais
Mas as pessoas da sala de jantar
São preocupadas em nascer e morrer..."

XYKO BORGES

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