segunda-feira, 16 de maio de 2016

O Mundo em Guerra: Revolução Xinhai (China, 1911)



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Revolução Xinhai ou Revolução Hsinhai (em chinês:辛亥革命, pinyin: Xinhai Gémìng), também conhecida como a Revolução de 1911 ou a Primeira Revolução Chinesa, foi o derrube (10 de Outubro de 1911 - 12 de Fevereiro de 1912) da dinastia Qing e o estabelecimento da República da China. Começou com a Revolta de Wuchang em 10 de outubro de 1911 e o espalhar da insurreição republicana através das províncias do sul, e culminou com a abdicação do imperador Pu Yi em 12 de fevereiro de 1912, após longas negociações entre os regimes imperial e republicano rivais, baseados em Pequim e Nanjing respectivamente. As partes principais do conflito foram as forças imperiais da dinastia Qing (1644-1911), e as forças revolucionárias da Aliança Revolucionária Chinesa (Tongmenghui). A revolução é assim chamada porque a palavra Xinhai (辛亥) significa literalmente "Quarenta e oito", que é o nome de 1911, de acordo com o ciclo sexagesimal do calendário chinês.
A Revolução Xinhai foi motivada pela raiva da corrupção no governo Qing, pela frustração com a incapacidade do governo para restringir as intervenções das potências estrangeiras, e pelo ressentimento da maioria étnica chinesa Han sendo dominada por uma minoria étnica (os manchus).
A revolução não resulta imediatamente em uma forma republicana de governo, e sim no estabelecimento de um governo central provisório fraco sobre um país que se manteve politicamente fragmentado. A monarquia foi brevemente restaurada e abolida duas vezes, e houve um período de regime militar. Embora a revolução, celebrada em 12 de fevereiro de 1912, quando a República da China formalmente substituiu a dinastia Qing, o conflito interno persistiu. O país sofreu uma falha na Segunda Revolução, a "Era dos Senhores da Guerra" e a Guerra Civil Chinesa antes da criação oficial da República Popular da China em 1 de Outubro de 1949. A Revolução Xinhai foi a primeira tentativa para estabelecer uma república na China, que conseguiu com sucesso derrubar o governo anterior.

História

Antecedentes

Movimento Ziqiang

Geralmente considera-se à Primeira Guerra do Ópio como o ponto de partida da história moderna da China. Nesse tempo alguns intelectuais e oficiais chineses pensavam que não era possível lidar com novos desafios pró desenvolvimento sem que existissem mudanças profundas. O Movimento Ziqiang desde 1860 até a década de 1890 estava focado em estudar a ciência e os modos de produção do ocidente em uma tentativa para fortalecer o poder nacional por meio do estabelecimento da indústria e do comércio. Deste modo a dinastia Qing pretendia reformar-se. No entanto, a derrota na Primeira Guerra Sino-Japonesadeixou claro que as mudanças e os avanços tecnológicos não eram sinónimo de melhorias na antiga China feudal.

Reforma dos Cem Dias

Após 1895, os círculos não-governamentais com interesses nacionais começaram a clamar para acelerar as reformas de grande envergadura propostas pelos intelectuais chineses. Algumas delas, tais como as deKang Youwei e Liang Qichao, pediam por imitar as reformas feitas no Japão e na Rússia com respeito a melhorar os sistemas de trabalho político e social sob o poder imperial. A reforma, que terminaria sendo chamada de Reforma dos Cem Dias devido a sua curta duração, ganhava o apoio do imperador Guangxu, e começou em 1898. Cento e três dias depois a reforma foi abortada quando os conservadores na dinastía efectuaram um golpe de estado. Ainda que muitos reformistas fossem exilados ainda permaneciam aqueles que desejavam ter uma monarquia constitucional parecida à do Reino Unido, permitindo que a família imperial permanecesse no sistema político, mas orientando o sistema político à democracia.

A abolição da examinação imperial

Após o golpe da Rebelião dos Boxers (义和团起义) e da Aliança das Oito Nações (八国联军), o governo Qing liderado pela imperatriz Dowager Cixi (慈禧太后) começou por levar a cabo as reformas pedidas por Kang Youwei e Liang Qichao na Reforma dos Cem Dias. Entre as mudanças, a única com grande influência foi a abolição da Examinação Imperial, em 2 de setembro de 1905. O governo começou a construir novos colégios chegando a existir cerca de 60.000 ao momento de estalar a Revolução Xinhai. Com a abolição, fechou-se um importante mecanismo de ascensão social, o que mudou drasticamente o ambiente político.

Campanha constitucionalista

1 de setembro de 1906 o governo Qing anunciou uma campanha constitucionalista. Os constitucionalistas com alto grau social da cada província pressionaram ao governo para que formasse um gabinete. Em maio de 1911, o premiê do recém formado gabinete foi anunciado como Príncipe Qing. Ademais, 9 dos 13 membros do gabinete eram Manchú, enquanto 7 deles eram da família imperial. Tudo isto decepcionou aos constitucionalistas. Como resultado, os constitucionalistas de diversas províncias mudaram de parecer, apoiando à revolução para além do constitucionalismo, em uma campanha para salvar à nação.

Formação de novos exércitos

Nos últimos anos da dinastía Qing, o antigo exército dos Oito Estandartes tinha perdido sua acostumada força. A luta contra a Rebelião Taiping foi travada por milícias locais. Após a derrota chinesa na Primeira Guerra Sino-Japonesa, a dinastia Qing decidiu formar 36 novos regimentos para substituir os antigos. Dos 36 regimentos, 6 formariam o Exército de Beiyang controlado por Yuan Shikai. Para formar os novos oficiais, construíram-se muitas escolas militares em cada província.

Sentimento anti-manchu

A rivalidade entre a etnia Han, que era a etnia da maioria da população, e a etnia Manchu, que era a etnia dos imperadores da dinastia Qing, pouco a pouco tinha sido esquecido pela dinastia Qing, devido à relativa paz que existiu. No entanto, os problemas entre essas duas etnias reapareceram pela a partir da Rebelião Taiping. Após 1890, os escritos que falavam a respeito da repulsão aos manchus começaram a circular com grande intensidade. Livros escritos nos últimos anos da dinastia Ming, que era uma dinastia da etnia Han, que foi destituída do poder pelos Qing, serviram de inspiração para muitos revolucionários. Embora Sun Yat-Sen tivesse seu maior foco nas reformas políticas e econômicas, maioria dos revolucionários no início do século XX estava repleto de ideias anti-manchu. Depois da derrubada da dinastia Qing, o lema da revolução mudaria, de rejeição aos Manchu para "harmonia entre todas as etnias" em uma tentativa de reunificar o país, que se encontrava totalmente fragmentado.

Importância de Wuhan

No início do século XX, a cidade de Wuchang (武昌), uma das três cidades que conformam a conurbação de Wuhan (as outras duas são Hànyáng (汉阳/漢陽) e Hànkǒou (汉口/漢口), na província de Hubei), adquiriu relevância já que era o lugar onde se produziam as armas com as quais a Dinastía Qing estava equipando o seu novo exército. Estes exércitos, totalmente reformados tinham como finalidade proteger a dinastia. O assunto tomou novos matizes quando Sun Yat-Sen exerceu influência revolucionária sobre os exércitos apostados na cidade.

Desenvolvimento

Levantamento de Wuchang

A revolução era conspirada entre os militares instalados em Wuchang, com cautela para não ser descoberta antecipadamente pela polícia, entretanto, no dia 9 de outubro de 1911, explodiu uma bomba na cidade de Hànkǒou. Enquanto eram feito o resgate dos sobreviventes da explosão, a polícia começou a investigar porque mantinham-se bombas escondidas e descobriram a identidade de militares com actividades antimonárquicas. Foram tomadas medidas drásticas contra aqueles militares, que, para evitar a prisão, preferiram, começando pelo Oitavo Batalhão de Engenheiros, tomar as armas e sublevar-se, expulsando ao poder imperial que se encontrava em Wuchang. Isto se conhece como o levantamento de Wuchang (chinês tradicional: 武昌起義, chinês simplificado: 武昌起义, pinyin: Wǔchāng Qǐyì) o 10 de outubro de 1911. Esta insurreição considera-se o começo da Revolução, desencadeando uma onda de adesões e de actos de rebeldia contra a dinastia Qing de Pequim.
A 11 de outubro, os revolucionários tomaram a cidade de Hànyáng e no dia seguinte, Hànkǒou. Desta forma caiu a tríplice cidade dividida pelos rios Yangtsé e Têm, que é ponto estratégico no centro da China,Wuhan.

Organização da revolução

Nesse momento Sun Yat-sen encontrava-se nos Estados Unidos, o que ajudou a obter apoio financeiro para revolução. Isto porque, nos Estados Unidos, residiam muitos opositores do governo, que cresceram em número, após o assassinato de muitos missionários em 1909.
Apesar de tudo, estas revoluções eram frequentes ao sul da China e costumavam ser sufocadas pelo Governo central. Mas este demorou muito em resolver o conflito, o que alentou a cada vez mais aos revolucionários, ao mesmo tempo que os exércitos das províncias vizinhas se iam somando, como foi o caso das tropas do Novo Exército nas províncias de Shaanxi e Hunan, que se amotinaram e se puseram do lado dos rebeldes de Wuhan no dia 22 de outubro. Todos participavam, estudantes e trabalhadores das cidades.

O Exército do Norte

Para enfrentar esta situação, a dinastia Qing pediu a quem tinha sido nomeado ministro de Beiyang no ano 1902 pela imperatriz Cixi, Yuan Shikai, poderoso militar que tinha participado da Primeira Guerra Sino-Japonesa, para comandar o prestigiado Exército de Beiyang, também conhecido como o Exército do Norte, para organizar a ofensiva contra os rebeldes do sul.
Entretanto, no dia 30 de outubro ocorreram levantes em Kunming, na Província de Yunnan, que começaram às nove da noite com uma série de disparos e que três horas mais tarde conseguiriam tomar a cidade. Além disso, outras duas províncias, Shanxi e Jiangxi, somaram-se à rebelião. Em 1º de novembro fundou-se o governo militar de Yunnan. Em 3 de novembro, a Província de Jiangsu aderiu à rebelião, a qual, em 22 de novembro, se juntaria Sichuan e, em 12 de dezembro, Shandong.
Por outro lado, em 13 de dezembro, o Exército de Beiyang tomou atacou Hànkǒou. Mas Yuan Shikai começou a negociar secretamente com os revolucionários. Segundo a rebelião avançava, e os comandantes do exército exigiram que a dinastia Qing aceitasse uma série de petições chamadas as "doze reclamações", que promoviam o sistema parlamentar e a redução do poder do imperador, substituindo sua figura de governo pela de um Primeiro Ministro. A corte Manchu, sabendo que era impossível rejeitar tais demandas devido a deterioração de sua situação militar, se viu obrigada a aceitar aquelas condições. Yuan Shikai assumiu o cargo de Primeiro Ministro da China.

Uma nova era

A intenção era conseguir um consenso entre o povo. Mas os ânimos estavam exaltados e o apoio popular que recebia a revolução fez que esta continuasse somando adesões. A cidade de Nanquim foi uma das últimas em cair, no início de dezembro. Nesse mesmo mês, Sun Yat-sen voltava de seu exílio, após ter percorrido cidades nos Estados Unidos e na Europa para arrecadar apoios para a causa republicana. Os revolucionários, reunidos em Nanquim proclamaram a República da China no dia 30 de dezembro de 1911, elegendo a Sun Yat-sen como presidente provisório. No dia 1º de janeiro de 1912 foi assinalado como dia primeiro da nova era republicana. O início da República marcou para a China uma mudança importante no sistema de vida. Começou-se a utilizar o calendário ocidental deixando atrás o calendário lunar com semanas de dez dias.
O último ato da Revolução foi no dia 12 de fevereiro de 1912, quando o último imperador da dinastia Qing, o menino Puyi (chinês tradicional: 溥儀, chinês simplificado: 溥仪, pinyin: Pǔyí), também conhecido por seu "nome de época" como imperador Xuantong (tradicional: 宣統, simplificado: 宣统, pinyin: Xuāntǒng), abdicou sob a pressão do militar Yuan Shikai, que controlava o poderoso Exército de Beiyang ou também conhecido como Exército do Norte. Depois de negociar com os revolucionários de Sun Yat-sen, Yuan Shikai aceitou forçar a abdicação do imperador, desde de que ele próprio fosse nomeado como Presidente da República, cargo que detinha Sun Yat-sen.

Pós-revolução

Em março de 1912 foi promulgada a constituição de carácter parlamentar com eleição parlamentar e presidencial, as primeiras a efectuar-se dentro do prazo de dez meses. Sun Yat-sen, com a intenção de poder participar nas eleições, cria o partido político Guómíndǎng (國民黨 / 国民党), mais conhecido em ocidente como "Kuomintang" (KMT). As eleições ocorreram no ano 1913, mas Yuan Shikai se negou a deixar o poder. Desataram-se guerras entre facções do exército leais a Yuan Shikai e a KMT. Sun Yat-sen foi enviado ao exílio. Pouco a pouco o governo de Yuan transformou-se em algo muito parecido ao que era a Dinastía Qing até que em 1915 restituiu o carácter de "Imperial". Em 1º de janeiro de 1916 ascendeu ao trono como imperador e tão só três meses depois, cedendo às pressões, aboliu novamente a monarquia. Faleceu em 6 de junho abandonado por seus seguidores.

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