sexta-feira, 20 de maio de 2016

Santa Maria / RS: Quebra pode chegar a 30% na lavoura de arroz em Santa Maria e na região

Quase no fim da colheita20/05/2016 | 08h06

Após cinco safras boas, projeção não é nada amimadora para quem aposta no grão

Quebra pode chegar a 30% na lavoura de arroz em Santa Maria e na região   Jean Pimentel/Agencia RBS
Foto: Jean Pimentel / Agencia RBS
Faltando cerca de duas semanas para finalizar a colheita de arroz na região e no Estado, as previsões não são nada animadoras para o setor. De acordo com levantamento do Instituto Rio Grandense do Arroz (Irga), a safra deve ter uma quebra entre 20% e 30%. As projeções da Emater indicam, principalmente para Santa Maria e municípios vizinhos, em torno de 20% de perda de produtividade. Entre os motivos para o desempenho ruim da lavoura, está o excesso de chuva no fim do ano, que atrasou o plantio em até um mês. 

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Além das enchentes, o manejo ainda foi dificultado pelo clima desfavorável, ao invés de calor e sol forte, os meses de fevereiro e de março foram marcados pela pouca disponibilidade de luz e por um certo frio à noite. 

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– Com isso, muitas plantas não encheram o grão como tinha de ser, e a produtividade caiu. Assim, colhendo menos que o previsto, a maior parte dos produtores nem empatou com o custo de produção. Considerando a quebra, para produzir uma saca (de 50 quilos de arroz), teve um custo em torno de R$ 44 e, hoje, se for vender, vai conseguir R$ 40 – explica o técnico agrícola do Irga, Giovani Wrasse.

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Para o produtor de Agudo Auro Kirinus, 48 anos, a quebra da safra representou 37% da área plantada de 150 hectares. Como a lavoura está na várzea do Rio Jacuí, primeiro foi atingida pela enchente, depois, o clima prejudicou a produtividade do grão.

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– No ano passado, cheguei a colher uma média de 8 mil quilos por hectare. Agora, ficou em 5,7 mil por hectares. Recém havia acabado de pagar as dívidas da última vez que o El Niño havia nos prejudicado (referindo-se a safra de 2009/2010). Justamente agora, que o preço havia dado uma reagida, não vamos ter produto para vender – diz Kirinus. 
Para amenizar o prejuízo no bolso, o ideal seria o agricultor esperar o preço melhor para vender, mas isso só acontece entre novembro e março. Porém, como a maioria das lavouras é financiada, o produtor acaba sendo obrigado a vender para pagar o custeio e demais despesas. Na falta, o jeito é refinanciar as dívidas. 
Nesse sentido, a Federação das Associações de Arrozeiros do Estado do Rio Grande do Sul (Federarroz) está buscando junto ao governo federal soluções para minimizar os problemas causados pelo clima. Além da garantia de comercialização do produto, a pauta envolve as renegociações com o intuito de alongamento do passivo com os bancos. 
Impacto na cidade
Essa quebra na segunda maior cultura da região vai acabar impactando em toda a economia da região e, em especial, em Santa Maria, principalmente por ser um polo comercial para os municípios vizinhos. De acordo com o economista e professor do Centro Universitário Franciscano (Unifra), Mateus Frozza, a situação contribui de forma negativa para seguir o cenário de retração no comércio e em vários setores, como eletroeletrônicos e veículos. 
– Se fosse em relação à soja (principal lavoura da região), a situação seria ainda pior. Porém, a questão do arroz impacta no consumo como um todo e pode até refletir no aumento da inadimplência – diz Frozza.
Soja segue valorizada
Segundo a Emater, em torno de 97% das lavouras da região já foram colhidas. A estimativa do Irga é que a colheita da safra 2015/2016 termine em, no máximo, duas semanas em todo o Estado. Cerca de 98% da área de soja já foi colhida nos 35 municípios que compõem a Emater regional de Santa Maria. A área plantada foi recorde, chegando a 893.969,94 hectares plantados. 
Na última semana, as condições climáticas, com tempo seco e sol, novamente favoreceram o trabalho do maquinário, permitindo também a colheita de grãos com umidade mais adequada. 
Em Santa Maria, ainda está um pouco mais atrasada, fechando a semana com 90% da área colhida. O volume recorde de exportações de soja em abril fez o preço da saca aumentar. Na quarta, na cooperativa Cotrijuc, de Júlio de Castilhos, a saca era cotada a R$ 74,50. No Estado, dados da Emater de 12 de maio revelavam preço médio de R$ 72,95, enquanto há um mês estava em R$ 67,52 e, há um ano, em R$ 66,52.
Foto: Reprodução / Reprodução

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