Esquema veio à tona com publicação de vídeos, como o de Arruda recebendo dinheiro

BRASÍLIA - Na história recente da República, poucas investigações
conseguiram reunir tantas provas materiais e testemunhais como a
Operação Caixa de Pandora, que derrubou o esquema de corrupção no
governo do Distrito Federal. Porém, dois anos após a ação policial e a
revelação de vídeos e áudios em que até o então governador José Roberto
Arruda (sem partido) foi pego recebendo dinheiro, a Procuradoria Geral
da República (PGR) ainda não denunciou os investigados ao Superior
Tribunal de Justiça (STJ).
Demora que causa perplexidade até mesmo entre
integrantes do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP).
Em
agosto, o procurador-geral da República, Roberto Gurgel, disse que a
denúncia sairia "sem falta" em 2011, logo após a sabatina que o
reconduziu ao cargo por mais dois anos. Agora, porém, ele sustenta que
precisa de mais tempo para construir uma denúncia robusta, que abrevie o
processo judicial. A promessa é representar os acusados até o fim do
primeiro semestre de 2012.
— Embora seja frustrante a demora,
seria ainda mais frustrante a precipitação de oferecer uma denúncia que
acabasse por não estar à altura da gravidade daquela situação — afirmou
Gurgel.
A mesma Procuradoria, em 2006, levou dez meses para
denunciar o esquema do mensalão, revelado em junho de 2005. O esquema
montado pelo PT para estruturar uma rede de apoio com partidos aliados
transformou 38 políticos, doleiros e empresários em réus no Supremo
Tribunal Federal (STF).
Para MP, faltaram documentos
Sob
responsabilidade da subprocuradora-geral da República, Raquel Dodge, a
investigação do mensalão do DEM foi prejudicada, de acordo com o
Ministério Público, pela falta de "vários documentos" no relatório
entregue pela Polícia Federal. Documentos sem os quais seria "impossível
o oferecimento da denúncia por causa da técnica própria da ação penal,
que obriga o membro do Ministério Público Federal a apresentar as provas
dos fatos que afirma", de acordo com a Procuradoria.
Entretanto, o
conselheiro Luis Moreira, do CNMP, relator do processo que recomendou a
demissão do ex-procurador Geral de Justiça do Distrito Federal,
Leonardo Bandarra, suspeito de envolvimento do esquema, demonstrou
perplexidade com o atraso.
— Se havia elementos para prender e
pedir a intervenção federal no Distrito Federal, uma simples denúncia
deveria bastar. Ou não havia elementos para pedir a intervenção federal.
Pode ser que não tenha nada. Pode ter sido só uma ação midiática —
afirmou Moreira.
Ao longo de 2011, a Procuradoria da República
recebeu novos documentos e até novas gravações, ainda inéditas para o
público.
Seriam vídeos e áudios integrais com bem mais que os fragmentos
que mostraram ao Brasil deputados distritais, secretários de governo e
empresários, guardando maços de dinheiro em bolsas, sacolas e meias. As
gravações são de autoria do ex-secretário de Arruda, Durval Barbosa,
beneficiado com a delação premiada. A tarefa do MPF é provar que o
dinheiro era público e fora desviado de contratos com prestadores de
serviços do governo do Distrito Federal (GDF).
Durval Barbosa
continua morando em Brasília, e colaborando ativamente com as
investigações. Nos últimos meses, por diversas vezes, o delator esteve
com os investigadores. Mas repassa informações que demandam
comprovações, por meio de documentos em posse do GDF. Segundo o
Ministério Público, recuperar essa documentação foi um trabalho "árduo" e
"longo". A perícia de parte dos contratos e confissões de dívidas
ocorre neste momento.
"Ela (procuradora) passou a requisitar toda
essa documentação para atestar que as pessoas envolvidas nesse esquema
criminoso tinham um vínculo com o governo do DF, a natureza desse
vínculo, a extensão desses contratos. Se era com um órgão apenas ou mais
de um, qual o montante desse material para exatamente verificar como
era o funcionamento desse esquema de cobrança e pagamento de propinas",
explicou a PGR, por meio da assessoria.
O advogado de José Roberto
Arruda, Nélio Machado, provoca o MPF e diz que a demora para a
apresentar a denúncia é um claro indício de que não há provas que
sustentem as acusações contra o ex-governador.
— A demora é
sintomática no sentido da dificuldade de se viabilizar essa ação penal.
Implicitamente, há quase que uma confissão de que a prisão do
ex-governador foi uma medida precipitada, açodada — disse Machado,
referindo-se a prisão de Arruda, em fevereiro de 2010, sob a acusação de tentativa de suborno de seus acusadores.
Enquanto
isso, coube ao Núcleo de Combate às Organizações Criminosas, do
Ministério Público do Distrito Federal, e à Procuradoria Regional da
República (PRR) imporem reveses aos acusados. O MPDF já entrou com mais
de 30 ações penais e cíveis no Tribunal de Justiça do Distrito Federal,
enquanto o procurador Regional da República, Ronaldo Albo, se encarregou
de denunciar à Justiça Federal os promotores Bandarra e Deborah
Guerner, ambos suspeitos de receberem recursos do esquema criminoso.
Apesar
das acusações e da recomendação do CNMP pela demissão do dois
promotores, o MPF ainda não apresentou à Justiça a ação de perda de
cargo, que ficou sob responsabilidade da procuradora Eliana Pires Rocha,
que entrou em férias em 19 de novembro. Portanto, Bandarra e Guerner
poderão retomar suas atividades, com proventos integrais, a partir de
2012. Bandarra está suspenso até 24 de fevereiro e Guerner está de
licença médica até 7 de janeiro.
O que eu ainda não entendo é porque ainda insistem nesse lance de o Arruda ser acusado e tals. Que eu saiba a fita é de bem antes do governo... não dá pra entender.. tiraram o melhor governador por nada!!
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