quinta-feira, 7 de março de 2013

Venezuela: Capriles é nome provável da oposição para eleição na Venezuela


06/03/2013 14h13 - Atualizado em 06/03/2013 14h41

Advogado foi derrotado nas urnas por Hugo Chávez em outubro passado.

Ele deve enfrentar o vice Nicolás Maduro em eleições a serem marcadas.

Do G1, com agências internacionais
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O advogado Henrique Capriles Radonski surge como provável candidato das oposições venezuelanas à sucessão do presidente Hugo Chávez, morto na terça-feira (5), em eleições que, segundo o governo, devem ser marcadas no prazo de 30 dias a partir da morte do líder.

Capriles perdeu para Chávez a última eleição presidencial, em outubro do ano passado, mas isso não diminuiu seu cacife.
Ele foi deputado, prefeito e governador do populoso estado de Miranda antes de vencer as primeiras eleições primárias organizadas pela oposição para escolher um nome comum, em fevereiro. A derrota para Chávez foi a primeira de sua carreira política.
Ao G1, na época da eleição, Capriles disse seguirá o “modelo brasileiro” caso seja eleito.

Capriles começou muito atrás nas pesquisas, mas conseguiu diminuir a distância depois de uma campanha extenuante, que o levou a 280 localidades, em um ritmo de dois ou três cidades por dia, separadas por até 500 quilômetros, vestindo camisas de cores diferentes a cada ato.
O candidato da oposição, Henrique Capriles, se emociona no último ato de campanha em Barquisimeto, na quinta (4) (Foto: Leo Ramirez / AFP)O candidato da oposição, Henrique Capriles, se emociona no último ato de campanha em Barquisimeto, na quinta (4) (Foto: Leo Ramirez / AFP)




Fã de esportes, ele fez caravanas em automóveis e, por vezes, caminhadas, distribuindo apertos de mão e beijos.

Com discursos curtos e uma mensagem simples, baseada nos problemas cotidianos dos venezuelanos, Capriles se distanciou das questões ideológicas, até então uma obsessão da oposição, e foi capaz de despertar um entusiasmo crescente, que antes era visto apenas nas fileiras de Chávez.

O candidato evitou responder os ataques de Chávez, que o chamou, entre outras coisas, de “porco”, “mosca” e “perdedor”, e apresenta uma mensagem de inclusão frente ao discurso beligerante do presidente.

Ele se apresenta como o "candidato do progresso", contra a "continuidade" representada por Chávez, assegura que está "confortável" quando colocado na centro-esquerda e acredita que a prioridade deve ser as políticas sociais.
Após a derrota, Capriles continuou visível, e muitas vezes foi o porta-voz da oposição que exigia informações mais claras sobre o estado de saúde de Chávez, após a operação realizada em 11 de dezembro de 2012, que culminaria com a morte do presidente quase três meses depois.
Trajetória
Filho de uma família rica e neto materno de judeus poloneses sobreviventes do Holocausto, mas que se define como cristão católico, Capriles é um advogado especializado em Direito Empresarial.

Ele começou sua carreira política cedo, quando aos 26 anos foi eleito deputado e presidente da extinta Câmara.

Chávez associa a imagem de seu opositor a de um sistema desgastado de partidos superado por ele na eleição de 1998, mas Capriles afirma ter dois adversários: "Aqueles que estão no governo atualmente e aqueles que sabem que comigo não vão voltar para trás, para os vícios".

Em 2000, Capriles venceu a disputa pela prefeitura do município de Baruta, em Caracas, com o apoio do recém-criado partido Primeira Justiça, social-cristão, a qual ainda pertence.

Reelegeu-se em 2004, depois de passar quatro meses na prisão sob acusação de não responder a um ataque à embaixada de Cuba durante o golpe de Estado que afastou Chávez do poder por pouco tempo, em abril de 2002. Ele foi absolvido da acusação

Tornou-se governador de Miranda (norte) em 2008, cont/ra uma das figuras mais poderosas do governo, o atual presidente da Assembleia Nacional e ex-militar que participou com Chávez na tentativa de golpe de 1992, Diosdado Cabello.

Como governador, foi reconhecido principalmente pelo trabalho que fez na educação, com a recuperação de colégios e planos para aumentar a matrícula escolar, assim como outros programas para a construção de casas populares e a promoção da saúde gratuita.
...enquanto o adversário Henrique Capriles faz carreata em Guanare, no estado Portuguesa (Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters)...enquanto o adversário Henrique Capriles faz carreata em Guanare, no estado Portuguesa (Foto: Carlos Garcia Rawlins / Reuters)


‘Mulher no coração’
Capriles é solteiro, e os meios de comunicação não param de especular sobre seus possíveis relacionamentos. Suas partidárias o recebem com propostas de casamento estampadas em cartazes e chegaram até a organizar um ato com calcinhas em apoio ao candidato.

Mas esta semana confessou que tinha "uma mulher em seu coração" e que comemoraria a eventual eleição com uma lua-de-mel numa praia do país.

Capriles também se distancia de Chávez na política externa, alegando que não busca "ter um clube internacional de amigos", mas "relações de igualdade" com todos os países e afirma que não vai dar "nenhuma gota" do petróleo venezuelano.

No início da campanha, dizia que queria aplicar na Venezuela o “modelo Lula” de redução da pobreza, mas após o ex-presidente gravar mensagem de apoio a Chávez, passou a mencionar o “modelo brasileiro” iniciado no governo de Fernando Henrique Cardoso.

"Não se trata de personalizar as coisas (…) o Brasil foi exitoso, tem sido exitoso, depois que aplicou seu Plano Real. Por que a Venezuela não pode conseguir?", disse em entrevistas a jornalistas estrangeiros antes das eleições.

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