quinta-feira, 14 de abril de 2016

JOL (Frederico Westphalen / RS): Julgamento de recurso contra júri por caso Bernardo será retomado no RS

13/04/2016 22h57 - Atualizado em 13/04/2016 23h04

Pronúncia é contestada pelas defesas de Leandro, Graciele e Evandro.

Desembargador pediu vistas durante sessão realizada em janeiro.

Do G1 RS
A Justiça do Rio Grande do Sul voltará a julgar na próxima quarta-feira (20) recurso que questiona a pronúncia a julgamento popular os acusados de serem responsáveis pela morte do menino Bernardo, assassinado em 2014 no Norte do estado. Quatro réus estão presos e aguardam julgamento: o pai, o cirurgião Leandro Boldrini, 40 anos, a mulher dele e a madrasta da criança Graciele Ugulini, 38, e os irmãos Edelvânia, 42, e Evandro Wirganovicz, 33.
Caso Bernardo - dois anos (Foto: Arte/G1)
A decisão por júri popular é contestada pelas defesas de Leandro, Graciele e Evandro. O julgamento do recurso, na 1ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça, teve início no dia 27 de janeiro. O desembargador Sylvio Baptista Neto negou o pedido das partes, mas Honório Gonçalves da Silva Neto pediu vista do recurso e a terceira integrante da Câmara, Cláudia Maria Hardt, decidiu aguardar.
No recurso, Leandro, Graciele e Evandro alegam nulidades no processo e pedem as suas impronúncias. Alternativamente, os réus requerem a desclassificação do delito de que são acusados, de modo a evitar o júri popular. Já o Ministério Público pede a inclusão da qualificadora do motivo torpe na pronúncia de Evandro Wirganovicz.
Investigação e julgamento 
A Polícia Civil investigou o caso da morte do menino e concluiu que o menino morreu em razão de uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam aplicado o medicamento que levou o garoto à morte. Depois, as duas teriam recebido ajuda de Evandro para cavar a cova e ocultar o cadáver. A denúncia do Ministério Público ainda apontou que Boldrini foi o mentor de todo o crime.
A Justiça decidiu pelo júri popular para os quatro. No entanto, as defesas de Boldrini, Graciele e Evandro recorreram. O recurso começou a ser analisado em janeiro, mas foi suspenso e não tem data para ser retomado.
Relembre o caso
- Bernardo foi visto vivo pela última vez no dia 4 de abril de 2014. No início da tarde daquele dia, uma sexta-feira, Graciele foi multada por excesso de velocidade na ERS-472, em um trecho entre os municípios de Tenente Portela e Palmitinho. A mulher trafegava a 117 km/h e seguia em direção a Frederico Westphalen, que fica a cerca de 80 quilômetros de distância de Três Passos, onde a família residia. O Comando Rodoviário da Brigada Militar (CRBM) disse que ela estava acompanhada do menino.
Antes de morrer, mãe de Bernardo registrou ocorrência por ameaça (Foto: Reprodução/RBS TV)Bernardi e a mãe, Odilaine: polícia concluiu que ela
se matou em 2010 (Foto: Reprodução/RBS TV)
- Bernardo morava com o pai, a madrasta e a filha do casal, à época com cerca de um ano, em uma casa em Três Passos. A mãe do menino, Odilaine, foi encontrada morta dentro da clínica do então marido em fevereiro de 2010. À época, a polícia concluiu que ela cometeu suicídio com um revólver. A defesa da mãe dela, Jussara Uglione, contestou a versão. O inquérito foi reaberto. Concluído em março deste ano, a nova investigação não apontou indícios de homicídio. Para a polícia, Odilaine se matou.
- A relação do pai e da madrasta com Bernardo era conturbada. Vídeos gravados no celular do pai e recuperados durante a investigação da morte do menino mostram brigas na casa da família e evidenciam a tensão doméstica entre os três. Em um deles, o menino grita por socorro, e discute com Graciele, que o ameaça. Em outro, o garoto pega um facão na mão, e é provocado pelo pai. As imagens são de 2013, um ano antes da morte de Bernardo.
Imagens de uma câmera de segurança de um posto de combustíveis mostram os últimos momentos de Bernardo com vida. Ele aparece deixando a caminhonete da madrasta, e saindo com ela e com Edelvânia. Quase duas horas depois, as duas retornam para o mesmo local, mas sem Bernardo (assista ao lado). O vídeo foi decisivo para as investigações, porque mostra a madrasta chegando com Bernardo e retornando sem ele, esclarecendo também a participação de Edelvânia no caso, que dias depois revelou o local onde o garoto foi enterrado.
- O menino foi dado como desaparecido. O pai procurou a polícia para registrar o sumiço do filho no dia 6 de abril, um domingo. Ele inclusive chegou a ligar para uma emissora de rádio e pedir ajuda. Ocorpo dele foi encontrado no dia 14 de abril, enrolado em um saco plástico e enterrado em uma cova rasa, em um matagal de Frederico Westphalen.
- Para a Polícia Civil, Bernardo foi morto com uma superdosagem do sedativo midazolan. Graciele e Edelvânia teriam aplicado o remédio que causou a morte do garoto e depois teriam recebido a ajuda de Evandro para cavar a cova e enterrar o corpo.
- A denúncia do Ministério Público ainda apontou que o pai atuou como mentor do crime, juntamente com Graciele. Segundo o MP, interceptações telefônicas (ouça os áudios) e laudos periciais comprovam. Boldrini nega.
- Em vídeo divulgado pela defesa de Edelvânia, ela mudou sua versão sobre o crime. Nas imagens (assista ao lado), ela aparece ao lado do advogado e diz que a criança morreu por causa do excesso de medicamentos dados pela madrasta. Na época em que ocorreram as prisões, Edelvânia havia dito à polícia que a morte se deu por uma injeção letal e que, em seguida, ela e a amiga Graciele jogaram soda cáustica sobre o corpo, para dissolver a pele do menino e eliminar provas. A mulher ainda diz que o irmão, Evandro, é inocente. A defesa de Graciele não comentou a nova versão.
- Em 16 de maio de 2014, a Justiça aceitou a denúncia contra os quatro, que tornaram-se réus no processo. Boldrini, Graciele e Edelvânia respondem por homicídio quadruplamente qualificado (motivos torpe e fútil, emprego de veneno e recurso que dificultou a defesa da vítima) e ocultação de cadáver. O pai também responde por falsidade ideológica. Já Evandro é acusado de homicídio simples e ocultação de cadáver.
- Um ano e três meses depois do crime, saiu a sentença de pronúncia, que determinou o julgamento popular dos quatro réus. Ainda não há data para o julgamento. Enquanto isso, os advogados de Boldrini, Graciele e Evandro recorreram da decisão judicial. O recurso não foi apreciado.

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