sexta-feira, 8 de abril de 2016

JOL (Imbé, Tramandaí / RS): MP vai investigar volume de óleo em vazamento no Litoral do RS

07/04/2016 18h42 - Atualizado em 07/04/2016 19h42

Promotor Fernando Alves participou da coleta de material por peritos do IGP.

Ele cogita que o total vazou pode ser maior que os 2,75 mil informados.

Do G1 RS
Uma equipe do Instituto-Geral de Perícias (IGP) realizou na tarde desta quinta-feira (7) uma coleta de material do vazamento de óleo ocorrido no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, entre as praias de Imbé e Tramandaí, na noite de quarta-feira (6). De acordo com o promotor Fernando Andrade Alves, que acompanhou o trabalho, o Ministério Público vai investigar se o volume de óleo derramado sobre a água se limita aos cerca de 2,75 mil litros informados pela Transpetro, e se realmente não haverá impacto no meio ambiente, como prevê a Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam).
Rompimento do mangote causou o vazamento de óleo no Litoral do RS (Foto: Reprodução/RBS TV)Rompimento do mangote causou o vazamento de
óleo no Litoral do RS (Foto: Josmar Leite/RBS TV)
"A perícia vai nos dizer se esse volume é compatível com a mancha. Se vazou isso apenas, e causou aquela mancha, tudo bem, mas vamos ter de apurar se foi somente isso, e se os serviços de emergência funcionaram", disse o promotor.
Empresa subsidiária da Petrobras responsável pelo transporte e logística de combustíveis, a Transpetro havia feito a estimativa, que foi repassada à imprensa pela bióloga Cleonice Kazmirczak, após sobrevoo no local na manhã desta quinta. Oliveira, que também sobrevoou a região, afirmou que a mancha de óleo é "preocupante".
"Temos de aguardar essa perícia para ver de que tamanho foi o dano. Alguns técnicos dizem que não vai ter danos, mas buscamos o maior numero de informações no momento para, se houve dano, que seja mensurado", afirmou.
Segundo o promotor, além de indenizar possíveis danos ambientais, a empresa responsável pelo transporte do óleo que vazou poderá ter de responder criminalmente, caso haja indícios de eventual negligência. A Polícia Federal informou que também investigará o caso, por meio da  Delegacia de Meio Ambiente e Patrimônio Histórico.
navio vazamento óleo (Foto: Josmar Leite/RBS TV)Duto que conduzia o combustível se rompeu e
causou o vazamento (Foto: Josmar Leite/RBS TV)
A PF estimou que cerca de 2,6 mil litros tenham vazado, e destacou que o crime de causar poluição que possa prejudicar a saúde humana ou matar animais é passível de pena de reclusão de um a quatro anos.
Segundo a bióloga da Fepam, o volume foi estimado com base na área atingida e na coloração da água, e o cálculo feito com uma tabela usada internacionalmente para desastres ambientais. O Comando Ambiental da Brigada Militar fez uma estimativa semelhante. Para o órgão, o vazamento varia entre 2,5 mil e 3 mil litros de óleo.
A Fepam informa que os prejuízos ao meio ambiente ainda serão apurados, com auxílio da Transpetro. No entanto, o chefe do departamento de fiscalização do órgão estadual, Renato Zucchetti, afirma que não deverá haver danos ao meio ambiente. "Pela quantidade do vazamento e a não formação de uma pluma, significa que praticamente não terão maiores impactos ambientais", afirmou.
O incidente ocorreu no final do descarregamento de óleo de um navio, que estava conectado a monoboias, que ficam a cerca de 6 km da orla. O mangote – espécie de duto submarino que conecta a monoboia ao navio – se rompeu, liberando parte do óleo. De acordo com a empresa responsável, um vendaval por volta das 19h30 teria provocado o rompimento e a liberação do óleo.
Mancha de óleo foi fotografada  (Foto: Polícia Civil/Divulgação)Mancha de óleo foi fotografada durante sobrevoo
(Foto: Polícia Civil/Divulgação)
“Segundo a informação da Transpetro, já não estava mais bombeando quando rompeu. Foi no final do transbordo, não tinha mais pressão. Foram descarregados milhões de litros ontem [quarta-feira]” relata a bióloga da Fepam. “O mangote suporta entre 14 e 18 mil litros e possui válvulas de segurança. Por sorte, não chegou a esse valor”, completa.
Cleonice afirma, ainda, que o vazamento ocorrido nesta quarta-feira é ‘visualmente menor que o ocorrido em 2014’, quando foram liberados 4 mil litros de óleo em um acidente semelhante.

Em nota, a Transpetro informou que o descarregamento de óleo foi paralisado preventivamente devido ao mau tempo e, em seguida, as válvulas de segurança automaticamente bloquearam as extremidades dos mangotes.

Ainda segundo a empresa, equipes de contingência da Transpetro realizam os trabalhos de contenção e remoção do produto. A nota frisa ainda que as causas do incidente estão sendo apuradas e as autoridades competentes foram informadas.
Em 2012 e 2014, vazamentos de óleo ocorreram no mesmo local
Em janeiro de 2012, um vazamento atingiu a orla da praia de Tramandaí. Ocorrido no mesmo local, o incidente derramou cerca de 100 mil litros de óleo no mar. Em julho de 2014, o acidenteprovocou a liberação de 4 mil litros, equivalente a 25 barris de petróleo.
Vazamento de óleo em Tramandaí (RS) (Foto: Lauro Alves/Agência RBS)Em 2012, vazamento de óleo chegou até a areia
(Foto: Lauro Alves/Agência RBS)
Em 2012, o sistema de segurança não funcionou, impedindo o travamento do mangote – duto submarino responsável por conectar a monoboia ao navio que transportam o produto. Ao se romper e não ser contido, o dispositivo liberou o óleo no oceano. Após abertura de inquérito para apurar as causas do acidente, aPolícia Federal indiciou a empresa responsável pelo transbordo do petróleo e 3 funcionários pelo vazamento no Litoral do Rio Grande do Sul.
Segundo a PF, a falta da manutenção causou o rompimento de uma válvula, por onde o petróleo vazou. A investigação apontou também, com base em informações do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), que foi usada pela mesma empresa uma substância tóxica nociva à saúde humana e ao meio ambiente durante a operação desencadeada para conter o produto derramado no oceano.

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