Eleições 201602/04/2016 | 06h21
Com o fim do prazo de novas filiações e troca de partido, está aberta a temporada de acordos e alianças
Marcelo Martins e Ticiana Fontana
O cenário de hoje pode não ser o de amanhã, quando se fala em política. Neste sábado, termina o prazo para novas filiações e troca de partidos com o objetivo de lançar candidatura no pleito deste ano. As tão esperadas novidades apareceram de forma pulverizada. Foram poucos novos nomes, poucas trocas de partido.
O que mais tem mobilizado os bastidores do pleito local tem sido as conversas e tentativas de alianças entre as 27 siglas representadas na cidade. Entre os grandes partidos, seguem as articulações em busca de apoio. Quem deixou para a última hora, como o PMDB e PP, pode ter perdido um pouco de força no cenário atual. Os pequenos tentam ganhar preço e se "engrandecer" aliando-se às maiores siglas. Alguns correm por fora e querem mesmo é ver a coisa pegar fogo.
Para apresentar o cenário atual, o "Diário" conversou com 26 pessoas ligadas a 15 siglas. Foram utilizados três critérios na escolha dos partidos: aqueles que já acenam com candidatura própria à prefeitura, as siglas com representação no Legislativo e, por fim, partidos que estejam em tratativas com outras siglas.
A possibilidade real de segundo turno, já que o município tem mais de 201 mil eleitores, tem acirrado ânimos e pedidos. Ou seja, em um cenário de primeiro turno, muitos partidos lançarão a sorte. Já no segundo turno, adversários de ontem podem virar os amigos de amanhã.
Entre os representantes das siglas consultadas pela reportagem, há uma espécie de consenso entre os nomes postos, de que a disputa começa com quatro nomes que despontam no cenário atual, aqui colocados pela ordem de citações: Jorge Pozzobom (PSDB), Fabiano Pereira (PSB), Valdeci Oliveira (PT) e Marcelo Bisogno (PDT).
A situação entre os grandes
O PSDB reluta em adiantar o nome de Pozzobom à prefeitura. Mas, na própria Assembleia Legislativa, o discurso dele é de prefeiturável. Provocador, já teria dito que ganharia a eleição tendo como vice o seu pai.
Fabiano Pereira, ex-petista e ex-crítico da atual administração, adota postura de candidato governista:
– É preciso reconhecer os avanços (da gestão Schirmer).
E ainda acrescenta:
– Discurso de terra arrasada não leva a lugar algum.
Valdeci diz não temer que a crise do PT o afete e pondera: "as pessoas me conhecem". O petista assegura que o debate será travado por "projetos que façam a cidade voltar a crescer sem descuidar do social". Uma situação, contudo, deve se sobressair: o embate entre o PT e Fabiano, já que ele, segundo os petistas, trocou de partido ao ver que não seria o escolhido. Sobre isso, Fabiano provoca: "Destruir imagens e biografias, o que é típico do PT, não cola mais".
Estratégias do governo
Com o vácuo deixado pela saída do vice-prefeito José Farret (PP) da disputa à prefeitura, já que ele não conseguiu reverter sua inelegibilidade, o PP busca novo rumo.
O prefeito Schirmer, principal líder do PMDB, esteve reunido com presidente do diretório estadual do PSB, Beto Albuquerque, na manhã de sexta-feira, junto com os presidentes do PP e do PMDB locais.
– É apenas cortesia. O Beto é um grande amigo – desconversou o prefeito.
Schirmer tem saído pela tangente quando o assunto é eleições:
– Conversamos na semana que vem.
Integrantes da executiva local do PMDB confirmaram que a sigla anda conversando com vários candidatos.
– Estivemos falando com o Ceccim (empresário Paulo Ceccim, pré-candidato do PR). Foi uma boa conversa, assim como tivemos com outros candidatos – afirmou a agora ex-secretária Magali Adriano.
Despista daqui, despista dali, apesar do flerte com outros partidos como PR e PSDB, a proximidade maior é, sem dúvida, com o PSB. A ideia seria o PMDB oferecer um nome a vice. Os nomes de duas secretárias ou ex são citados. Porém, o PP, tradicional aliado peemedebista, também estaria de olho na função de vice.
O presidente local do PDT, Miguel Passini, diz que está em contato com pelo menos 10 siglas, mas o partido vai de chapa pura, com o vereador Marcelo Bisogno como prefeito e o empresário e presidente da CDL, Everton Falk, como vice, recém filiado à sigla.
– Fomos fiéis com a atual administração até o final. Agora, chegou a nossa vez de marcar presença nas eleições – diz Passini.
A correria segue nos bastidores em busca dos melhores acordos. As convenções partidárias devem ocorrer de 20 de julho a 5 de agosto. E o martelo será totalmente batido às 19h de 15 agosto, quando terminar o prazo de registro de candidatos. Até lá, o cenário pode sofrer várias alterações.
Sem grandes novidades
As novas filiações e trocas de partido findam no sábado, mas a expectativa de o pleito de outubro apresentar nomes desvinculados da política tradicional deve ser cumprida em parte. O eleitor vai ver como candidatos empresários, esportistas, artistas e algumas pessoas de outras estreiando no pleito. Porém, não na quantidade almejada.
Até mesmo entre o secretariado da administração municipal, que geralmente debanda em função do prazo, a contagem indica menos saída do que o esperado.
A expectativa era de que seis secretários municipais entregassem seus cargos até o fim da sexta-feira. Porém, apenas três: Magali Marques da Rocha (PMDB), Adelar Vargas (PMDB) e Miguel Passini (PDT) confirmaram a saída para concorrer à vereança ou, até mesmo, para lançar seus nomes para vice.
Siglas ainda em negociação
PMDB - Indefinido
A sigla está, no momento, sem um nome claro que represente a continuidade da gestão Schirmer/Farret. Uma ala significativa do PMDB defende uma costura com o PSB, do ex-petista Fabiano Pereira. Por outro lado, há um entendimento de que o momento seria apoiar o deputado estadual Jorge Pozzobom (PSDB). Porém, Schirmer tem defendido, em conversas internas, uma costura com o PPL (de Werner Rempel) e, até mesmo, com o PR (de Paulo Ceccim)
PP - Indefinido
Após a saída do vice-prefeito José Haidar Farret, o partido terá na próxima terça-feira uma definição se terá candidatura própria, se será vice em alguma chapa ou apoiará algum dos nomes postos. Há, hoje, três correntes: duas divididas entre um eventual apoio a Fabiano Pereira e ao deputado Pozzobom e, outra menor, que sinaliza com apoio a Werner Rempel
PSD - Indefinido
O partido vive uma cisão interna. O dentista Moacir Alves, e titular da 4ªCRS, apresenta-se como pré-candidato à prefeitura. Contudo, o presidente local da sigla, Ramiro Dutra, tem dito que o partido não tem, até agora, nome próprio ao Executivo e pode apoiar o PSB
DEM
A sigla trabalha com um plano prioritário: apoiar o pré-candidato Werner Rempel (PPL) e ter um nome como vice (Manoel Badke). Um plano B seria coligar com o deputado estadual Jorge Pozzobom
PTB
O presidente da sigla, Jair Binotto, afirma que as conversas se dão com todas as siglas, tanto as governistas quanto as que, porventura, sejam da oposição
SDD
O recém-criado Solidariedade quer construir uma candidatura majoritária ao lado de algumas siglas, consideradas menores. Basicamente, seriam partidos sem representação no Legislativo. Até o fim do mês, será anunciado o nome de quem concorrerá à prefeitura. Uma das apostas seria o presidente da sigla, Jaderson Maretoli
PCdoB
O presidente local da sigla, Naren Costa, afirma que a tendência é de apoio ao PT. Recentemente, o PCdoB recebeu novos filiados, oriundos do PSol e da Rede
Rede Sustentabilidade
O vereador da sigla, Jorge Trindade, que deixou o PT para fundar o partido na cidade, deve apoiar a candidatura de Fabiano Pereira (PSB)
DIÁRIO DE SANTA MARIA
Nenhum comentário:
Postar um comentário