segunda-feira, 9 de maio de 2016

Brasília / DF: Dilma e aliados acertam como será ato de saída do Palácio do Planalto

Crise em Brasília09/05/2016 | 03h02Atualizada em 09/05/2016 | 09h40

Descida da rampa ou ato na Praça dos Três Poderes dividem opiniões

Dilma e aliados acertam como será ato de saída do Palácio do Planalto Carlos Macedo/Agencia RBS
Presidente pedalou na manhã de domingo pelas ruas de Porto Alegre, antes de comemorar Dia das Mães com a famíliaFoto: Carlos Macedo / Agencia RBS
Guilherme Mazui/RBS Brasília, Juliana Bublitz/RBS Brasília e Carlos Rollsing/RBS Brasília
Treze anos depois da chegada ao poder, o PT entra na semana em que a sua hegemonia na política nacional pode chegar ao fim. Nos próximos dias, a presidente Dilma Rousseff e seu staff acertam a liturgia da saída do Palácio do Planalto e o roteiro da resistência.
O governo e o PT admitem a derrota na votação do Senado no processo deimpeachment, prevista para quarta-feira. Dilma deve ser afastada por até 180 dias para tratar da defesa. Por isso, trabalha em outras frentes para lutar pelo mandato conquistado nas urnas.
No domingo, em Porto Alegre, a presidente deixou seu apartamento, na Zona Sul, para receber o carinho de apoiadores no momento mais delicado de sua carreira política. Sob gritos de "Dilma, guerreira da pátria brasileira", ganhou flores, tirou fotos e felicitou as mães do país pelo seu dia. Não concedeu entrevista. Mais cedo, pedalou pelas ruas da cidade.
De volta a Brasília, a presidente reúne aliados para sacramentar o ritual de sua despedida. Dilma pode descer a rampa do Planalto com ministros e militantes ou sair discretamente para receber apoiadores na Praça dos Três Poderes ou no Palácio da Alvorada, a fim de não passar a ideia de "rendição" e de "fim de governo".
Se preponderar a primeira opção, considerada mais provável, a intenção será criar uma imagem "épica" para percorrer o mundo e difundir o discurso de golpe. Ao lado de ministros e assessores, a presidente sairia de cabeça erguida, em caminhada até a praça, tomada por apoiadores.
Há dúvida se deputados, senadores e governadores aliados desceriam com Dilma ou a esperariam no fim da rampa. A expectativa é de que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva acompanhe a afilhada no ato, mas a sua ausência na manifestação de 1º de Maio, em São Paulo, deixou conselheiros de Dilma preocupados.
Para o dia seguinte ao afastamento, está programada a publicação das exonerações de ministros e petistas em cargos comissionados. Até lá, a presidente planeja executar medidas populares. Nesta segunda-feira, pode descerrar a placa de sua última obra. À tarde, vai a Goiânia para a inauguração do aeroporto. Amanhã ou quarta-feira é aguardada na Conferência Nacional de Políticas para as Mulheres, onde não deve ser vaiada.
Na trincheira jurídica, o ministro José Eduardo Cardozo, da Advocacia-Geral da União, discute novos recursos ao Supremo Tribunal Federal. No Senado, o PT aposta na análise do mérito do impeachment, prevista para setembro. O partido articula para que a oposição não alcance os 54 votos para cassar Dilma. O problema, na avaliação dos petistas, é ver os adversários atingirem o placar já na votação desta semana, na qual são necessários 41 votos.
Afastada do Planalto, Dilma deverá colocar em prática um "plano de resistência", com reuniões no Alvorada. Nos atos de rua, os atos serão organizados pela Frente Brasil Popular. Em Porto Alegre, haverá manifestação na terça-feira, no Centro. A intenção é "não dar trégua" a Temer.
Prontos para retornarem à oposição, parlamentares do PT avaliam como materializar no Congresso a rejeição a Michel Temer. Obstruções e retirada de bancada em votações estão em análise.
— Nenhum ato, programa ou projeto será reconhecido. Não vamos chamar Temer de presidente — afirma Paulo Pimenta (PT-RS).

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