quinta-feira, 12 de maio de 2016

Brasília / DF: Temer assume com desemprego em alta e recessão profunda

12/05/2016 07h59 - Atualizado em 12/05/2016 09h24

Veja os números da economia brasileira que Temer irá enfrentar




Recessão, inflação alta e rombo nas contas públicas são principais desafios.
País deve registrar em 2016, pela 1ª vez, 2 anos seguidos de queda do PIB.

Darlan AlvarengaDo G1, em São Paulo
A economia brasileira já acumula 4 trimestres consecutivos de queda e o país vive uma recessão que deverá ser a mais prolongada da história do Brasil.
O país está 'mergulhado' em uma recessão profunda, segundo avaliação do Fundo Monetário Internacional (FMI), que, associada à crescente taxa de desemprego, ao aumento da dívida pública e às incertezas quanto à estabilidade política, impõe uma série de desafios para a retomada da confiança e do crescimento.
Para economistas e analistas ouvidos pelo G1, equilibrar contas, retomar confiança e realizar reformas estruturais e institucionais estão entre os principais desafios do novo governo. Veja a repercussão econômica do afastamento de Dilma
EVOLUÇÃO DO PIB
Por trimestre, em %
0,1-0,8-2,1-1,7-1,44º tri/20141º tri/20152º tri/20153º tri/20154º tri/2015-2,5-2-1,5-1-0,500,5
Confira a seguir um panorama da deterioração dos principais números e indicadores da economia:
Recessão
A projeção do FMI é que o Produto Interno Bruto (PIB) irá sofrer uma contração de 3,8% este ano – em 2015 a queda foi de 3,8% – e ficará estagnado em 2017. Já os analistas do mercado ouvidos pelo Boletim Focus do Banco Central projetam um tombo maior neste ano, de 3,86%.
Se a expectativa dos analistas se confirmar, o PIB terá o maior "tombo" desde 1990 – quando recuou 4,35% –, ou seja, em 26 anos.
Será também a primeira vez que o país registrará dois anos seguidos de contração na economia, pela série do IBGE, iniciada em 1948.

INFLAÇÃO
Variação anual do IPCA, em %
5,916,4110,67720132014201520160102,557,512,5
Dado de 2016 é previsão do mercado
Alta dos preços
A inflação deverá estourar mais uma vez o teto de 6,5% do sistema de metas e ficar bem distante do objetivo central de 4,5% fixado para este ano.
No acumulado em 12 meses até abril, a inflação oficial do país, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA),acumulou alta de 9,28%.
Em 2015, a inflação oficial ficou em 10,67%, a maior desde 2002. A expectativa do BC e do mercado é que o indicador fechará o ano em 7%. Para 2017, a estimativa é de 5,72%.
O Banco Central vinha informando trabalhar para buscar "circunscrever" o IPCA aos limites estabelecidos pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) em 2016. Ou seja, trazer a taxa para até 6,5% e, também, fazer convergir a inflação para a meta de 4,5%, em 2017.

ROMBO NAS CONTAS
Evolução do resultado nominal, em R$ bilhões
76,99-17,22-114,98-96,62013201420152016-150-100-50050100
Dado de 2016 é da última proposta de meta fiscal
Gastos do governo
O descontrole do gasto público tem sido fator constante de preocupação e levou o Brasil aperder o desejado grau de investimento, o selo de país bom pagador de sua dívida.
Em 2015, as contas do governo tiveram forte deterioração e registraram um rombo recorde de R$ 114,98 bilhões, ou 1,94% do PIB.
Para 2016, a previsão é que as despesas superem as receitas pelo 3º ano consecutivo.
No acumulado no ano até março, as contas do governo registraram déficit de R$ 18,21 bilhões.
Em março, o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, enviou ao Congresso Nacional um projeto de lei para alterar a meta fiscal, pedindo aval para um rombo de até R$ 96,65 bilhões nas contas em 2016, o que equivale a 1,5% do PIB nacional.

DÉFICIT DO INSS
Em R$ bilhões por ano
-49,86-56,69-85,81-133-16720132014201520162017-200-150-100-500
Dados de 2016 e 2016 são estimativas
Rombo na Previdência 
O crescimento do déficit do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), sistema público que atende aos trabalhadores do setor privado, tem sido um dos principais fatores de preocupação.
Em 2014, a diferença entre as receitas e o pagamento de benefícios previdenciários ficou em R$ 85,81 bilhões, ou 1,5% do PIB.
Para 2016, a projeção é de um resultado negativo de R$ 133 bilhões, ou 2,14% do PIB, segundo estimativas do Ministério do Trabalho e da Previdência Social. Já para 2017, a previsão é que o déficit atinja a marca recorde de R$ 167,62 bilhões, ou 2,47% do PIB.
Números divulgados recentemente mostram que a instituição da fórmula 85/95 progressiva para aposentadorias, que vale desde junho do ano passado, já ajuda a aumentar o rombo nas contas da Previdência.
Mudanças nas regras de aposentadoria foram discutidas no fórum da Previdência Social, que é composto por representantes do governo, dos trabalhadores (centrais sindicais), dos aposentados e dos empregadores, mas uma proposta de reforma não chegou a ser enviada pelo governo Dilma Rousseff ao Congresso.

EVOLUÇÃO DA SELIC
Taxa básica de juros ao ano, em %
7,251011,7514,2514,25taxa b�sica ao anodez/2012dez/2013dez2014dez/2015abril/20166810121416
Taxa básica de juros
A taxa básica de juros da economia vem sendo mantida desde julho do ano passado em14,25% ao ano, o maior patamar em quase dez anos.
Ao subir os juros ou mantê-los elevados, o BC encarece o crédito e reduz o consumo no país, atuando assim para segurar a inflação. Por outro lado, os juros altos prejudicam o nível de atividade da economia brasileira e a geração de empregos.
inadimplência e os juros bancários atingiram os maiores patamares 5 anos, segundo dados do Banco Central.

Em meio à recessão e ao aumento do desemprego, os índices de inflação têm mostrado queda. Com isso, o debate passou a ser não mais sobre a possibilidade de aumento de juros, mas sim sobre quando o BC começará a reduzir a taxa básica da economia.
O mercado vinha trabalhando com a expectativa de que o ciclo de redução da taxa básica de juros deve começar no final de agosto, mas há analistas que acreditam que os cortes podem ter início já em meados de julho.
O mercado financeiro prevê que a Selic terminará este ano em 13% ao ano e que, em março de 2017, a taxa já esteja em 12% ao ano.

DESEMPREGO
Taxa média, em %
7,44,16,88,510,9em %20122014201646810122
Dado de 2016 é do 1º trimestre
Mercado de trabalho
O aumento do desemprego tem sido o efeito colateral mais doloroso da recessão. Já são mais de 11 milhões de desocupados no país, segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística).
No 1º trimestre, a taxa de desemprego ficou em 10,9%, a maior desde 2012. Em março, o Brasil completou 12 meses ininterruptos de fechamento de vagas com carteira assinada.
No acumulado nos 3 primeiros meses do ano, o país perdeu 319.150 empregos formais. Em 12 meses, o número de vagas fechadas já passa de 1,85 milhão.
O número de pessoas empregadas com carteira assinada recuou a patamares de 2013. Já o rendimento médio dos trabalhadores ficou em R$ 1.966 no 1º trimestre, valor 3,2% menor que o registrado no mesmo período de 2015.
TAXA DE INVESTIMENTO
em % do PIB
20,720,920,218,220122013201420150510152025
Investimentos
A paralisação dos investimentos também ajuda a explicar a recessão. A Formação Bruta de Capital Fixo, indicador que apura o que se investe em máquinas, bens duráveis e construção civil para aumentar a capacidade produtiva do país, segue em trajetória de queda.
Em 2015, o tombo foi de 14,1% na comparação com o ano anterior. Com isso, a taxa de investimento caiu de 20,2% em 2014 para 18,2% do PIB. Para 2016, a previsão é que a queda pode ser ainda maior.
Na indústria, a ociosidade segue em níveis elevados. A utilização da capacidade instalada ficou em 77,4% em março. No primeiro trimestre, a produção industrial acumulou queda de 11,7%,  a maior retração para o período desde 2009.

DÓLAR
em cotação de US$ 1 no fechamento do ano
2,04472,35752,65873,9483,4401201220142016012345
Dado de 2016 é do fechamento de abril
Câmbio
Após bater R$ 4 no ano passado, o dólar passou a orbitar nos últimos meses ao redor do patamar de R$ 3,50.
Em 2015, a moeda dos Estados Unidos subiu 48,49% sobre o real. Neste ano, no acumulado até abril, o dólar caiu 12,86% frente ao real, com o movimento de queda associado fundamentalmente à expectativa de uma troca de governo.
O mercado financeiro projeta que a taxa de câmbio termine o ano a R$ 3,70. Para o fechamento de 2017, a previsão dos economistas para o dólar recuou de R$ 4 para R$ 3,90, segundo o Boletim Focus.
Apesar de pressionar a inflação e encarecer as viagens internacionais, o dólar no atual patamar é visto como positivo para as exportações brasileiras. No acumulado no ano até abril, abalança comercial acumula superávit de US$ 13,24 bilhões, melhor resultado desde 1989 e bem melhor do que o verificado no mesmo período do ano passado, quando houve déficit de US$ 5,05 bilhões.
A previsão do mercado é de um superávit de US$ 48 bilhões na balança comercial no fechamento de 2016.
Brasil rebaixado
Desde fevereiro, o Brasil perdeu o grau de investimento nas 3 principais agênciasinternacionais de classificação de risco. Com isso, os títulos da dívida do Brasil e, por consequência, o investimento no país, passou a ser considerado especulativo.
Nas agências Fitch, Moody's e Standard and Poor's, a nota do Brasil está no mesmo patamar: dois degraus abaixo do grau de investimento.
último rebaixamento foi anunciado pela Fitch no dia 5. Segundo a agência, uma transição de governo poderá representar uma oportunidade nova para ajustes e reformas econômicas, mas permanecerão riscos de implementação.
"Uma recessão longa e profunda, acompanhada por uma taxa de desemprego crescente e a incerteza em relação à força e estabilidade da coalizão de governo, acentuam os desafios que um potencial governo Temer poderá confrontar", diz a Fitch.
A nota de crédito do país acaba refletindo também na nota das empresas, deixando o crédito mais caro e mais restrito. Nos últimos meses, as agências passaram a alertar sobre o elevado endividamento das companhias brasileiras.
Em 2015, a dívida das empresas brasileiras de capital aberto subiu 31% em comparação com 2014, segundo levantamento da provedora de informações financeiras Economatica.
Classificação das agências de risco - rating - nota de crédito (Foto: Editoria de Arte/G1)

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