sexta-feira, 20 de maio de 2016

Paraguay: Imagens de câmeras de segurança são contrárias à versão apresentada pelo Ministério Público, que direcionou suspeitas aos músicos

Polícia19/05/2016 | 18h09Atualizada em 19/05/2016 | 18h45
"Eles não têm culpa", diz polícia paraguaia sobre participação de banda gaúcha em assassinato de jovem Reprodução/Facebook
Foto: Reprodução / Facebook
Novas provas colhidas pela polícia do Paraguai provocaram uma reviravolta na investigação da morte da jovem Jessica Lovatto de Oliveira, 19 anos, assassinada na madrugada de 8 de maio em Santa Rita, município localizado a 75 quilômetros de Foz do Iguaçu (PR). Após o Ministério Público local declarar publicamente a suspeita de que os integrantes da banda gaúcha Safira, da cidade de Santo Cristo, no noroeste do Estado, teriam envolvimento no crime, imagens do circuito interno do parque onde foi realizada a Expo Santa Rita, festival no qual o conjunto se apresentou, mostraram uma tese que vai de encontro à versão da promotoria. Jessica foi encontrada morta em um bueiro, com sinais de que foi abusada sexualmente.

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Em entrevista a ZH, o chefe da Divisão de Homicídios da região do Alto Paraná, responsável pela investigação, Richard Vera, declarou que não foram encontrados indícios de participação de integrantes da banda no crime. Na terça-feira, 17, o MP paraguaio divulgou nota oficial afirmando que a jovem teria ingressado no ônibus da banda após o show. Já que não encontrou imagens dela deixando o veículo, a promotoria passou a ver os músicos como suspeitos do homicídio. Na quinta-feira, a polícia local fez uma nova verificação nas imagens e as gravações mostraram outro cenário, com Jessica deixando o parque sozinha.
— A senhorita se encontrou com o gaiteiro da banda Safira e ele a acompanhou até 100 metros da saída, por volta das 4h. Ele voltou ao ônibus e ela saiu sozinha. Atrás dela, seguiu um homem. Depois, em outras imagens, se vê que uma moto também a persegue, possivelmente com a pessoa que a estava perseguindo antes. Quarenta metros depois, foi encontrado o corpo no dia seguinte. Em princípio, se desvinculou a banda (do assassinato), porque a única informação que tínhamos, pelo circuito fechado, era que a jovem tinha ido até o ônibus. Quando essa informação saiu, todos começaram a falar que a banda estava envolvida, mas nunca vimos essa imagem, e já recebemos todas as imagens — afirma o investigador.
A promotoria, responsável pela nota que declarou as suspeitas contra a banda, não foi localizada para comentar a mudança no cenário da investigação. O comissário Vera criticou o comportamento dos músicos por não colaborarem antes com o trabalho policial e disse que, apesar de não terem culpa no caso, eles serão convocados a prestar esclarecimentos:
— Se o gaiteiro tinha conhecimento que uma mulher que esteve com ele quatro horas antes foi assassinada, ele deveria ter tentado falar com as autoridades para que nós tivéssemos a possibilidade de investigar e clarear tudo oito dias atrás. Agora, passou muito tempo. Efetivamente, eles não têm culpa nesse homicídio, mas o Ministério Público certamente vai chamá-los para declarar a sua versão nesse caso.
Procurados pela reportagem, os integrantes da Safira não quiseram comentar o caso. O advogado da banda, Adriano Ost, disse que o prejuízo à imagem do conjunto será cobrado.
— A polícia mostrou que a banda é inocente. Ela saiu do parque vivinha da silva de madrugada, depois de encerrado o evento. Denegriram a imagem da banda e, com certeza, vamos buscar reparação — afirma o advogado.
Com a reviravolta na investigação, a polícia do Paraguai agora direciona o foco para um terceiro suspeito, ainda não identificado. Segundo o comissário Vera, a imagem do criminoso será divulgada nos próximos dias:
— Era uma pessoa que estava no parque, que estava cercando a vítima. Acreditamos que foi algo premeditado.

Entenda o caso:
— Na manhã de 8 de maio, o corpo da jovem Jessica Lovatto de Oliveira, 19 anos, foi encontrado dentro de um bueiro, na calçada do outro lado da rua do local da Expo Santa Rita, realizada no município paraguaio de Santa Rita, localizado a 75 quilômetros de Foz do Iguaçu.
— A causa da morte foi asfixia por estrangulamento e fratura cervical. Além disso, Jessica apresentava sinais de ter sido abusada sexualmente. Jessica era brasileira mas morava na cidade de Santa Rita, no Paraguai. Ela era funcionária de uma das empresas que estavam expondo na feira.
— Ainda no dia 8 de maio, a polícia local prendeu Denis Feliciano Rodriguez, 22 anos, que seria namorado da vítima e estaria com ela durante a feira e a madrugada do crime. Dois dias depois, ele foi enviado para um presídio.
— No dia 17 de maio, o Ministério Público local concede liberdade ao suspeito após surgirem imagens da vítima conversando com músicos da banda gaúcha Safira. Segundo o MP paraguaio, uma gravação mostraria Jessica ingressando no ônibus da banda durante a madrugada. Ela teria desaparecido após subir no veículo.
— Nesta quinta-feira, uma nova reviravolta. A polícia local verificou as imagens e descartou envolvimento dos músicos. O gaiteiro da banda teria apenas acompanhado a jovem até as proximidades da saída, após as 4h. A partir de então, ela teria sido perseguida e morta por um homem não identificado, que teria premeditado o crime e estaria cercando a vítima durante o evento.

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