terça-feira, 10 de maio de 2016

Santa Maria / RS: Audiência em que pais de vítimas da Kiss respondem por calúnia é marcada por comoção de familiares

Tragédia em Santa Maria10/05/2016 | 18h42

Testemunhas foram ouvidas em caso em que pais de vítimas se defendem de acusação de calúnia a promotor 

Audiência em que pais de vítimas da Kiss respondem por calúnia é marcada por comoção de familiares Jean Pimentel/Agencia RBS
Foto: Jean Pimentel / Agencia RBS
Foi realizada na tarde de ontem a primeira audiência do processo pelo qual o presidente do movimento Santa Maria do Luto à Luta, Flávio José da Silva, em um procedimento chamado de exceção da verdade, tenta provar que não caluniou o promotor Ricardo Lozza. O promotor acusa Flávio e Sérgio da Silva, presidente da AVTSM, de terem ofendido a sua honra ao fixarem cartazes que o acusavam de saber que a Kiss funcionava de forma irregular e não ter tomado providências. Já o MP e a defesa de Lozza argumentam que um eventual fechamento da boate não era atribuição dele.
Já no início da sessão, o advogado de Flávio, Pedro Barcellos, fez um pedido para que não fossem ouvidas todas as testemunhas arroladas pelo MP. No pedido, Barcellos afirma que, neste tipo de procedimento, o máximo de testemunhas permitidas são cinco, e o MP arrolou seis. O juiz Leandro Sassi, titular da 4ª Vara Criminal, onde tramitam os processos, não acatou.
Além das seis testemunhas convocadas pelo MP, três foram arroladas pela defesa de Lozza e cinco, pela defesa de Flávio. Ontem, foram ouvidas sete testemunhas, três da defesa Flávio e quatro, do MP. Uma outra testemunha desistiu de depor e as demais prestarão depoimento por carta precatória.
A primeira testemunha a ser ouvida foi o delegado Marcelo Arigony, um dos que conduziu o inquérito sobre a tragédia. Ele foi convocado pelo advogado de Flávio. Após uma discussão entre Barcellos e o promotor Alexandre Salim, em que este pediu que o advogado o deixasse trabalhar, uma frase do defensor de Flávio arrancou aplausos dos cerca de 60 familiares que acompanhavam a audiência. Protestos também foram ouvidos.
– Hoje vocês querem trabalhar, mas na hora de fiscalizar a boate, não fizeram – disse Barcellos.
– Vocês não sabem o que é perder um filho. Vocês também são culpados – disse, aos gritos, uma mãe.
O juiz Leandro Sassi precisou intervir e ameaçou cancelar a audiência e remarcar para outra data sem a presença de público, caso houvesse alguma outra manifestação.
Ao todo, 14 testemunhas foram arroladas e sete foram ouvidas. O dono da boate, Elissandro Spohr, e o seu defensor, Jader Marques, como era esperado, não compareceram e serão ouvidos por cartas precatórias, assim como outras quatro testemunhas.
Ao final da audiência, Lozza puxou Flávio pelo braço e eles conversaram por cerca de três minutos. Após o encerramento da sessão, pouco depois das 17h, houve mais manifestações dos familiares das vítimas, que se incomodaram com uma declaração do advogado de Lozza, José Antônio Boschi, que havia dito que "ele, a torcida do Flamengo e todo o mundo havia se comovido com a tragédia". Ele pediu desculpas aos pais.

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