quarta-feira, 1 de junho de 2016

Santa Maria / RS: Após falha e exigência de nota elevada, UFSM vai fazer novo processo para Medicina

Pelo Sisu31/05/2016 | 22h00Atualizada em 31/05/2016 | 22h00

Erro no sistema de inscrições do Sisu impossibilitou muitos aspirantes às vagas de Medicina se inscrever, devido a alta pontuação 

Após falha e exigência de nota elevada, UFSM vai fazer novo processo para Medicina Germano Rorato/Agencia RBS
Felipe de Lima Atayde já está pré-aprovado em outras duas universidades, mas não conseguiu nem se inscrever na UFSMFoto: Germano Rorato / Agencia RBS
É fato: o ingresso ao curso de Medicina é o mais difícil e o mais concorrido não só na Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), mas na maioria das instituições que oferecem a graduação no país inteiro. E uma novidade não muito boa fez com que muitos concorrentes a uma das 48 vagas oferecidas pela federal de Santa Maria, por meio do Sistema de Seleção Unificada (Sisu), tornassem a dificuldade ainda maior.
Pela primeira vez desde que aderiu ao programa, a instituição delimitou uma nota mínima para que o candidato pudesse concorrer às vagas. No caso da Medicina, os interessados precisavam ter feito média de 741 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). A nota é considerada muito alta. A própria universidade já se manifestou e vai abrir um novo processo seletivo após o período de inscrições do Sisu, que se encerra na quinta-feira, para o preenchimento das vagas.
Segundo a Pró-Reitoria de Graduação (Prograd), a exigência foi causada por um problema no sistema de inscrição. O processo é criado por uma empresa privada e não permite alterações depois que o período de inscrições for aberto, para garantir a segurança da seleção. Diante disso, na manhã de ontem, a UFSM divulgou nota afirmando que, ao final do processo, caso sobrem vagas, elas serão disponibilizadas a quem tem pontuação menor do que a nota mínima exigida nesse momento.
Outros cursos da UFSM também estão exigindo nota mínima. A segunda mais alta, depois da Medicina, é a Medicina Veterinária, com 550 pontos. Outras universidades, como a USP e a Unifal (MG), adotaram nota mínima de 700 pontos, no ano passado, e também enfrentaram problemas. No entanto, à época, o edital permitia a retificação da exigência mesmo durante o período de inscrição.
Conforme o professor Jerônimo Tybusch, coordenador de planejamento acadêmico da Prograd, a previsão é que nenhuma vaga seja preenchida, já que a média é muito alta. Após o fim do período de inscrições,  a pró-reitoria fará um levantamento das vagas remanescentes e abrirá novo processo seletivo, desta vez, por um sistema da Coperves, e não pelo Sisu.
– Percebemos que a nota estava muito elevada. Foi um equívoco, mas como é uma empresa licitada pelo próprio Ministério da Educação, quando encerram todos os prazos, o sistema não pode ser mais aberto. Está aquém das nossas possibilidades, mas arranjamos uma forma de compensar. Ninguém está sendo prejudicado com isso – pontua.
A nova seleção deve ser realizada entre os dias 3 e 4 de junho. A proporção da distribuição das vagas em cada cota continuará igual ao do Sisu no sistema da Coperves.
– É um sistema fácil e muito seguro. Pelo CPF vamos buscar a nota do estudante no Enem. Exatamente igual ao processo do Sisu. A única diferença é que o aluno vai ter que se inscrever de novo (pelo novo sistema). É um processo muito rápido e o resultado deve sair em uma semana – explica Tybusch.
Por meio da assessoria de imprensa, o Ministério da Educação informou que as universidades têm autonomia para definir sobre a adesão ao Sisu.
Frustração entre alunos
A impossibilidade de realizar a inscrição para concorrentes ao curso de Medicina na UFSM causou indignação, medo e frustração entre os estudantes. A exigência de média de 741 pontos no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) em Linguagens, por exemplo, significaria 43 acertos das 45 questões. Para Felipe de Lima Athayde, 29 anos, que ficou como terceiro suplente da UFSM na seletiva do Sisu no primeiro semestre deste ano, a exigência é absurda.
– Se alguém vier com nota mil e pouco talvez consiga entrar. Vi que era um equívoco. Essa nota é irreal – ironiza.
Athayde, que é formado em Sistemas de Informação, largou o emprego em 2014 para voltar a estudar. Ele passou para Medicina em quatro instituições privadas, e atualmente estuda naUnifra. Mesmo com uma nota um pouco mais alta que a média exigida pela UFSM, ele não conseguiu se inscrever, porque, mesmo por pouco, não atingiu os 741 pontos em duas das quatro áreas de conhecimento da prova do Enem. Mesmo assim, ele está pré-selecionado para o curso na Universidade Federal de Pelotas e na Federal de Campina Grande, na Paraíba.
– Fiquei a três vagas de entrar no primeiro semestre. Entraria tranquilamente agora. Acho que ainda tenho boas chances, mas menores que antes. O sentimento é de frustração. Para eles (UFSM) é muito tranquilo dizer que vão resolver fazendo um novo processo. Em 2014, disseram que iriam fazer vestibular. Aí, no meio do ano, disseram que seria pelo Enem. Todo mundo se preparou, pagou cursinho, comprou livros e, de última hora, mudam as regras. E, de novo, foi o que aconteceu – desabafa.

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