quinta-feira, 5 de maio de 2016

Libertadores de América: Ex-goleiro do Rosario jogava de camisa do Grêmio presenteada por Manga

05/05/2016 07h00 - Atualizado em 05/05/2016 07h00

GloboEsporte.com encontra filho de Ricardo Oso Ferrero na Argentina e explica a razão de jogar com a camisa do Grêmio em 1980. Equipes se enfrentam às 19h15

Por Direto de Rosário, na Argentina


Mais de 1.200 quilômetros separam Porto Alegre de Rosário, na província de Santa Fé, Argentina. Cidades com suas peculiaridades e com suas semelhanças. E que viram suas histórias se cruzarem na vida de um ex-goleiro do Rosario Central, que jogou no clube e vestia as cores... do Grêmio. Justamente os dois rivais que se encontram na noite desta quinta-feira, a partir das 19h15, no Gigante de Arroyito. 

Ricardo "Oso" Ferrero é o nome do goleiro. Faleceu aos 60 anos, em novembro passado, deixando dois filhos. Um deles é Sebastián, 34 anos, que tem semelhança física gigantesca com Alisson, arqueiro do Inter. Nesta quarta, recebeu o GloboEsporte.com e a RBS TV para mostrar a relíquia que guarda: a camisa do Grêmio que seu pai recebeu das mãos de Manga e virou amuleto, a ponto de vesti-la na campanha do título nacional de 1980 – ano da última vez que as equipes se enfrentaram até as oitavas da Libertadores neste ano. As mangas são azul escuro, com o restante sendo preto, escudo costurado no meio do peito. 
Sebastián Alfredo Ferrero, filho do ex-goleiro Ricardo Oso Ferrero, do Rosario Central, camisa do Grêmio (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)Sebastián, filho do ex-goleiro Ricardo Ferrero, mostra camisa que o pai usava (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)


A camisa chegou nas mãos de Oso Ferrero como um presente do ex-goleiro do Grêmio e do Inter, ícone brasileiro na posição, Manga. A troca ocorreu após a vitória tricolor por 2 a 1, que garantiu a taça do Torneio Cidade de Rosário. No ano seguinte, se enfrentariam novamente, com vitória por 4 a 1 para os argentinos, no Torneio Semana de Maio. E este foi um dos jogos daquele ano que Ferrero atuou com a camisa do Grêmio. Levantou, inclusive, a taça da competição com a vestimenta. 
- Meu pai jogou um torneio com o Grêmio em 1979. Ganhou a camisa de Manga, trocaram as camisas. E voltaram a jogar em 1980, por essa época, em maio. Aí, jogou contra o Grêmio com a camisa do Grêmio. É algo particular realmente, mas naquela época alguns jogavam com outras camisas. Jogava com ela por cima, com o escudo do Grêmio. É algo peculiar para qualquer parte do mundo  
Ricardo Oso Ferrero ex-goleiro Rosario Central Grêmio Libertadores (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)Foto de Ferrero na lavanderia que a família mantém (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)
Sebastián administra a lavanderia que a família tem em Rosário e dez apartamentos que aluga para jovens estudantes que estudam na cidade argentina, em sua maioria brasileiros que miram o sonho de deixar o país vizinho formados em Medicina. Seguiu os passos do pai e estreou na primeira divisão com a camisa do Gimnasia Y Esgrima de La Plata, onde jogou nove partidas na primeira divisão. Rodou por equipes na Espanha e na segunda divisão da Croácia como atacante argentino com características "de Palermo" - a frase vem seguida de uma risada. 
O irmão, Diego Ferrero, atualmente passa férias na Indonésia. É jogador de basquete - a veia familiar é desportista, claramente. Monica Gallardo, a mãe, cuidava das roupas de Ricardo com esmero - as costurava delicadamente. A dupla foi atrás da camiseta há cerca de um ano. Estava nas mãos de um colecionador da cidade, cedida pelo seu pai. Após a morte do ex-goleiro, ficaram sem contato com o tal homem. Demorou até acharem o telefone, por meio de um torcedor fanático de Central, e conseguir reaver a relíquia. 
Ricardo Oso Ferrero ex-goleiro Rosario Central Grêmio Libertadores (Foto: Arquivo Pessoal )Ferrero vestindo a camisa do Grêmio em jogo do Central - ao seu lado direito, Edgardo Bauza (Foto: Arquivo Pessoal )

A paixão pelo Central não arrefece. Não teve muita escolha na infância, claro. E hoje não deixa o coração ceder espaço para a relíquia da família. Torce com todas as forças contra o Grêmio nesta quinta-feira. Mas afirma que a partida é difícil e que "ganhe o que tenha que ganhar".
- Grêmio perdeu em casa, jogará como visitante com 99% da torcida contra, não tem nada a perder. É difícil. A camisa serve como uma recordação da importância que teve o meu pai para a cidade e para o futebol nacional. É uma relíquia - diz Sebastián. 
Ferrero foi chamado para a seleção argentina em alguns momentos na década de 70. Na carreira, passou por Cruz Azul, do México, e chegou a jogar no Barcelona, na Espanha, em 83. 
Rosario e Grêmio se enfrentam a partir das 19h15 desta quinta-feira, no Gigante de Arroyito. O Tricolor precisa da vitória se quiser passar para as quartas de final da Libertadores - 1 a 0 leva a decisão para os pênaltis. O técnico Roger Machado deixará uma dúvida para antes da partida, na lateral esquerda -a tendência é que Marcelo Hermes inicie. O provável time tem Marcelo Grohe; Ramiro, Pedro Geromel, Fred e Hermes (M. Oliveira); Walace, Maicon, Giuliano, Douglas e Luan; Miller Bolaños. Todos já têm alguém para se inspirar. 
Sebastián Alfredo Ferrero, filho do ex-goleiro Ricardo Oso Ferrero, do Rosario Central, camisa do Grêmio (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)Sebastián veste camisa do pai e do rival da semana (Foto: Eduardo Moura/GloboEsporte.com)

Nenhum comentário:

Postar um comentário